PUBLICIDADE

Pane já ameaça até trabalho no exterior

Médico precisa de passaporte para estágio em Paris; passageiros relatam falhas frequentes

Por Nataly Costa
Atualização:

A pane no sistema de agendamento e emissão de passaportes da Polícia Federal (PF), iniciada na segunda-feira e agravada na tarde de ontem, prejudica quem está com viagem agendada para fora do País e ainda depende do documento. O médico paulistano Rafael José Romero Garcia, de 29 anos, diz que há mais de um mês tenta diariamente agendar uma data para emissão de seu passaporte. "Todos os dias entro no site e tento marcar uma data em qualquer posto disponível", afirma. Sem passaportes, ele e a mulher correm o risco de perder um estágio em um hospital de Paris. "Estamos com passagem comprada e tudo acertado. Só temos de tirar o visto. Para isso, precisamos de passaportes." Os países da União Europeia não exigem visto de entrada para brasileiros, mas, como o casal pretende permanecer na França por mais de 90 dias, o trâmite é necessário. Segundo ele, esta semana foi ainda mais difícil. "Na segunda-feira, eu nem conseguia acessar o sistema. Havia um aviso dizendo que estava indisponível." O médico diz já ter ido duas vezes ao posto da PF no Shopping Ibirapuera. "A única orientação dada foi para continuarmos tentando fazer o agendamento pelo site."Em situação parecida, o engenheiro químico Derick Mills Ferreira Muche, de 24 anos, tenta há três dias, sem sucesso, agendar um horário pelo portal da PF, mas o serviço está indisponível. Ele viaja em 21 de novembro para Toronto, no Canadá, onde deve permanecer por dois meses para estudar inglês. "Tenho o passaporte da União Europeia, mas preciso do brasileiro para regressar ao País", relata. Segundo ele, "a emissão de passaporte em Portugal foi muito mais rápida do que a no Brasil." Muche acredita que consegue adiar a viagem, já paga, mas prevê prejuízos com os compromissos agendados para quando retornar ao Brasil. "Tenho alguns planos e algumas entrevistas de emprego que seriam feitas logo depois que eu voltasse. Se atrasar, não sei se ainda estarão de pé." Como última alternativa, Muche tentará o passaporte de emergência, cujo prazo de emissão é de 24 horas, independentemente de agendamento. O documento, porém, é válido somente por um ano.Depois de problemas com o pedido de renovação do passaporte em São Paulo, o médico José Carlos Canga, de 61 anos, viajou para duas cidades do litoral paulista. No dia 12, ele foi a Santos, onde deveria entregar a documentação exigida pela PF, mas ficou preso em um engarrafamento na Via Anchieta e não conseguiu chegar a tempo. "Na mesma noite, fiquei das 20 às 22 horas na internet tentando achar um posto da PF disponível. Só consegui em São Sebastião." Após acertar a documentação e receber o aviso de que seu passaporte estava pronto, o médico viajou anteontem até a cidade do litoral norte. Ao chegar, foi avisado de que o sistema estava fora do ar e voltou para São Paulo sem a renovação. Com o documento vencido desde julho, Canga pretende viajar à Itália na quinta-feira com outras quatro pessoas para visitar parentes. "Se eu não conseguir, meus companheiros de viagem vão indo e depois eu marco nova data. O problema é que vou ter de pagar uma taxa (de remarcação de voo)."Até as 22 horas de ontem, a requisição de passaporte e a consulta ao andamento permaneciam indisponíveis no portal da PF. / PERGUNTAS & RESPOSTAS1.Se eu já tiver pago a Guia de Recolhimento da União (GRU) e não conseguir dar entrada no meu passaporte perco o dinheiro?Não. Segundo a PF, a GRU já paga fica valendo até que se consiga marcar uma nova data para tirar o passaporte.2.Qual a diferença entre passaporte de urgência e de emergência?O de urgência é feito pelo processo normal de agendamento, mas pode ser solicitada urgência na entrega - desde que comprovada essa necessidade. O de emergência não precisa de agendamento e pode ser solicitado e retirado no mesmo dia. É feito manualmente, válido por apenas um ano e custa R$ 202,89.3.Em que situações posso tirar passaporte de emergência?Em caso de doença na família, catástrofes naturais, motivos de trabalho, ajuda humanitária ou qualquer situação cujo adiamento possa acarretar grave transtorno ao requerente - é preciso comprovar a situação de emergência, bem como a iminência da viagem.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.