Pai de Nayara diz que foi ‘expulso’ pela PM de escola

Amiga da ex-namorada de Lindembergue voltou a ser refém após passar 34 horas em liberdade

PUBLICIDADE

Por Marcela Spinosa , Daniela do Canto , José Dacauaziliquá e do Jornal da Tarde
Atualização:

Quase quinze horas depois de a filha voltar ao apartamento onde havia sido mantida refém, o metalúrgico Luciano Vieira da Silva, pai da estudante Nayara Vieira, de 15 anos, foi "convidado" a se retirar da escola que abriga o QG da polícia. Ele queria saber notícias da filha.   Veja também: Seqüestro em Santo André já passa de 84 horas Vizinhos também se tornaram reféns de seqüestro no ABC Amiga volta ao apartamento para negociar fim de seqüestro Em 2 anos, houve ao menos 3 seqüestros por relacionamento Jovem diz que vai matar ex-namorada se polícia invadir o local   Segundo Silva, os policiais falaram para ele "parar de reclamar no corredor" e "procurar seus direitos". Foi escoltado por dois policiais do Choque até o cordão de isolamento. O avô de Nayara também teve de sair.   Indignado, o pai falou para os policiais que o que estava acontecendo era uma "palhaçada". "É a primeira vez que vejo isso acontecer. O refém volta para o cativeiro depois de ter sido liberado. Isso está errado, porque ela é uma criança."   Após passar 34 horas em liberdade, Nayara voltou na quinta-feira, 17, a pedido do seqüestrador ao cativeiro onde Lindembergue Alves, de 22 anos, a manteve refém durante 33 horas. Ela havia sido libertada terça-feira.   A polícia permitiu o retorno de Nayara confiando que Lindembergue se entregasse e soltasse Eloá. Até 1h54 desta sexta-feira, 17, todos continuavam confinados no local.   Segundo o comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, coronel Eduardo José Felix, Lindembergue prometeu não matar ninguém. E disse que Nayara não era sua refém. A jovem chegou ao prédio às 8h50 e entrou acompanhada do irmão mais novo de Eloá, Douglas, e de um negociador do Gate. O menino ficou parado na escada no 2º andar.   O clima ficou tenso. Aldo da Silva, pai de Eloá, que acompanhava tudo pela tevê do apartamento de um vizinho, passou mal e foi socorrido. Ele foi sedado e levado para o Centro Hospitalar Municipal da cidade. Recebeu alta às 16h20.   "Aldo está abalado. Ele e a mãe de Eloá estão há três dias sem se alimentar. Só bebem suco", disse o amigo da família Evandir dos Santos. Segundo ele, a mãe da menina tem tomado calmantes.   Na expectativa de que Lindembergue libertasse as jovens, os negociadores do Gate ficaram em frente ao prédio até as 10h45. As negociações continuaram na base montada pela polícia em uma escola estadual ao lado do conjunto habitacional. Às 12h50, uma sacola foi jogada pela janela do apartamento.   Dois minutos depois, o irmão de Eloá entrou no edifício de novo, pegou os dois cachorros da família e uma mochila rosa e a entregou ao pai de Nayara, que acompanhava a movimentação na base da polícia.   A última movimentação foi quando o seqüestrador, que torce para o São Paulo, prendeu uma camisa do clube na janela do banheiro. Na tentativa de ajudar, o superintendente do São Paulo e vereador recém-eleito, Marco Aurélio Cunha (DEM), foi até lá. Mas a polícia o proibiu de conversar com Lindembergue.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.