
26 de maio de 2011 | 00h00
Durante as conversas, comparava a prisão do jornalista a um "prêmio", confessava que já não tinha mais esperanças de vê-lo preso e convidava alguns dos interlocutores a conhecer a casa de dois quartos para a qual se mudou neste ano, em uma rua sem asfalto na periferia de Suzano, na Grande São Paulo.
No quintal da residência, sob o olhar da vira-lata Neguinha, o aposentado falou ao Estado demonstrando uma vontade de viver que, segundo a família, não existia nas últimas semanas.
A prisão de Pimenta Neves lhe trouxe que tipo de sentimento?
Ontem, não me trouxe muita coisa, porque eu estava dopado, tinha tomado Lexotan (ele toma seis tipos diferentes de remédios, alguns antidepressivos). Hoje estou alegre, satisfeito, vou comer bem. Já tinha comprado um bolo desses de aniversário e comi um pedaço em homenagem ao Pimenta.
Em homenagem à Justiça?
Em homenagem ao Pimenta mesmo. É um bolo de aniversário que comprei, com chantilly. Quer um pedaço? Comprei no sábado, porque é aniversário da minha esposa. Quando aconteceu esse negócio, pensei em comer o bolo para o aniversário do Pimenta, de 11 anos.
O senhor tinha esperança de que ele fosse para a prisão?
Não tinha mais esperança, não.
O Pimenta esteve com o senhor um pouco antes do crime. O que ele falou?
Ele falava para mim que não tinha mais nada com a Sandra, que não tinha problema, que a ameaça era tudo bobagem. Isso no sábado. No domingo, ele matou a Sandra. (Solta um palavrão) Eu estava sempre armado... Agora não mais. Meu filho tirou minhas armas, porque eu queria me matar.
O senhor pensa nisso?
Agora não mais.
Como está a sua saúde?
Tenho um problema aqui, outro ali... Câncer (mostra uma bolsa de colostomia). Estou com 72 e pretendo viver até uns 80.
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