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Página do grupo Mães de Maio no Facebook é suspensa

Perfil de movimento contra violência policial foi tirado do ar sem explicação e voltou após reclamações de usuários

Por William Cardoso
Atualização:

A página do Movimento Mães de Maio, que luta contra a violência policial, foi suspensa pelo Facebook na manhã de ontem, o que revoltou seguidores e simpatizantes do grupo. Até as 20h, mais de 1,4 mil pessoas compartilharam mensagem que denunciava o fechamento da página, que voltou ao ar no fim da tarde.Procurado, o Facebook afirmou que não comenta casos específicos de usuários. O site disse também que, se a página foi temporariamente bloqueada, algum termo de uso da plataforma foi descumprido ou algum conteúdo denunciado. Os responsáveis não informaram qual termo de uso foi descumprido nem qual conteúdo foi denunciado. Também não explicaram por que a página voltou ao ar.Para a líder do movimento, Débora Maria da Silva, a suspensão da página foi um ato de censura. "Ela foi fechada porque há uma perseguição às mães. É uma represália. Não querem que mostremos que a polícia no Brasil é assassina. (A polícia) Não faz prevenção, mas o extermínio em comunidades periféricas. Eles estão nos colocando para fora porque denunciamos isso e incomodamos as pessoas. É uma democracia que não chega até os pobres", disse. Débora teve o filho, o gari Edson Rogério Silva dos Santos, assassinado durante a onda de violência deflagrada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) em maio de 2006.O Movimento Mães de Maio é formado por cerca de 70 mulheres que apontam a Polícia Militar como responsável pela morte de seus filhos, direta ou indiretamente. O grupo pede a desmilitarização da polícia, a criação de uma política de apoio aos familiares de vítimas da violência do Estado e a caracterização das mortes cometidas por policiais como homicídio, e não "resistência seguida de morte", como são registradas atualmente.Em julho, o movimento enviou carta à presidente Dilma Rousseff pedindo o acompanhamento político e jurídico, em âmbito federal, dos recentes casos de violência em São Paulo, que provocaram morte de policiais, ataques a bases da PM, chacina na periferia e ônibus queimados. Entre os pedidos feitos a Brasília, o grupo reiterou também a necessidade da federalização das investigações sobre as 493 mortes ocorridas em maio de 2006, durante os ataques.Rota. Ao mesmo tempo em que Débora exigia a oportunidade de divulgar as ideias do grupo na rede social, permaneciam intocadas páginas de ex-comandantes das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), como Paulo Telhada e Conte Lopes, que defendem uma polícia "linha-dura".Questionada se foi a responsável pelo pedido de fechamento da página do Mães de Maio, a PM afirmou não saber do que se trata e sugeriu que a reportagem procurasse os administradores da rede social.

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