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Pagamento de viações exigirá cumprimento de horários e frota

Departamento Financeiro da São Paulo Transporte vai fracionar o pagamento para as concessionárias, levando em conta qualidade

Por Juliana Diógenes e Rafael Italiani
Atualização:

SÃO PAULO - O Departamento Financeiro da São Paulo Transporte (SPTrans) vai fracionar o pagamento para as concessionárias, levando em consideração a qualidade do serviço e o que cada uma das empresas se comprometeu a fazer. Do total do pagamento, 50% vai ser composto pela quantidade de passageiros transportados, 40% pelo cumprimento das viagens programadas e outros 10% por disponibilidade de frota. 

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Se uma das concessionárias cumprir, por exemplo, 30% das viagens programadas, ela terá um desconto de 10% sobre o que ela ganharia no total pelo que se comprometeu. 

Para Adauto Farias, diretor econômico-financeiro da SPTrans, isso só vai ser possível porque a empresa vai monitorar em tempo real os ônibus do Centro de Controle Operacional (CCO). “Hoje, a tarifa é por passageiro transportado. Essa nova forma vai modificar o serviço de transporte de passageiro. Uma das maiores reclamações no serviço de ônibus é justamente o atraso das viagens programadas”, explicou Farias. 

Também será usada como base do cálculo de remuneração a opinião dos passageiros do transporte público. Por meio de pesquisas qualitativas, que ainda não tiveram o formato definido, os passageiros poderão avaliar o serviço de ônibus.

"Isso é uma inovação muito importante e reivindicada há muitos anos por movimentos sociais. Quando o incentivo é só passageiro transportado, pode haver uma distorção em favor do empresário, em detrimento da qualidade”, afirmou, nesta sexta-feira, 3, o prefeito Fernando Haddad (PT). Segundo ele, a medida de fracionar o pagamento “corrige distorções” no pagamento para as empresas.

O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de São Paulo (SPUrbanuss) disse aprovar que os repasses para o setor tenham como base a qualidade do serviço assinado em contrato. “Estimula a empresa a buscar a produtividade, a atender melhor o passageiro. Temos absoluta consciência de que o serviço não feito não precisa ser pago”, afirmou Francisco Christovam, presidente da entidade. 

No entanto, ele alerta para o fato de que a Prefeitura não deve exigir das empresas um serviço que está além da capacidade do que o viário da cidade pode oferecer. “O poder público não pode exigir que os veículos atinjam uma velocidade que não foi bem dimensionada”, disse. 

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‘Dois dígitos’. Um relatório de uma auditoria feita nas contas das concessionárias pela consultoria Ernst&Young, a pedido da atual gestão, apontou que as empresas estavam com uma Taxa Interna de Retorno (TIR) da ordem de 15%. Isso é o quanto as empresas lucram a partir dos investimentos que elas fazem na frota e nas garagens. 

Haddad afirmou que no novo contrato de concessão do serviço esse valor não vai passar dos “dois dígitos”. Segundo ele, o máximo que as empresas terão de retorno ficará em 9,9%. No entanto, não há previsão de que essa mudança reduza o preço da tarifa.

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