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Os 'maestros' da passarela da moda

Disputados, diretores 'queridinhos' acumulam desfiles de várias marcas

Por Flavia Guerra e VALÉRIA FRANÇA
Atualização:

Arrancar aplausos eufóricos - e não apenas educados - é um dos grandes desafios das marcas que desfilam na São Paulo Fashion Week. Ontem, na Sala 1 da Bienal, no Parque do Ibirapuera, assim que as luzes se apagaram para a Ellus, a diretora do desfile, Roberta Marzolla, de 45 anos, começou a rezar. Sim - ela, como todo diretor, quer despertar o máximo de euforia na plateia.Como um maestro, o diretor é responsável pela harmonia entre todos os elementos da passarela. "Trata-se de um trabalho que começa na escolha das modelos e chega à discussão dos detalhes de iluminação, da cenografia", explica Luis Fiod, de 38 anos, que assinou a direção da Animale no primeiro dia do evento. Apesar de fundamentais para o sucesso de um desfile, Roberta e Fiod são desconhecidos do público em geral. Entre os fashionistas, porém, eles são conhecidos, reconhecidos e disputadíssimos. Dos 32 desfiles desta temporada, Roberta dirige seis. Só ontem Roberta assinou duas das cinco apresentações - Ellus e o tão aguardado Ronaldo Fraga. "Foram dois desfiles com temas bem distintos. O primeiro tinha como tema um mergulho ao fundo do mar; o segundo, a cultura da Amazônia", conta ela, que ingressou no mundo da moda aos 16 anos, desfilando na Fenit, o grande evento fashion dos anos 1970. "Logo pulei para a produção e direção."O quarto desfile do dia, o da Iódice, teve à frente Ruy Furtado, de 51 anos. Ele responde por todas as marcas do Grupo AMC Têxtil (Forum, Triton, Tufi Duek e Colcci). No Rio, dirigiu Patachou, Cia. Marítima, Sacada e Coca-Cola."Também comecei como modelo, mas minha grande estreia na direção foi num desfile da Forum, quando a marca ainda era do Tufi Duek, em 1989, no Estádio do Pacaembu", lembra Furtado. Tudo mudou. "As modelos precisam ter outro desempenho na passarela. Modelo não pode rebolar. Tem de andar mais retinha, durinha. E os desfiles são mais curtos."Espetáculo. A apresentação da Ellus, porém, teve duração de 12 minutos, um tempo longo - os desfiles têm, em média, 8 minutos. "Resolvemos fazer um show, com banda de música, além da projeção de imagens de tubarões num cubo de LED em 3D", conta Roberta. A tecnologia também desafia os diretores. "Foram três meses até testar todos os equipamentos e ter a certeza de que o resultado seria bom. É importante conseguir o equilíbrio para que os efeitos não deixem a roupa em segundo plano, isso nunca pode acontecer. Quando o espetáculo começa, sempre rezo para que dê tudo certo." No caso da Ellus, ontem, deu. O público estava esfuziante.

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