Operários correm para entregar trecho leste do Rodoanel nesta 6ª

Segmento de 37,7 km de comprimento abre ao tráfego amanhã, mas diversos aspectos da obra ainda estavam inacabados hoje

PUBLICIDADE

Por Caio do Valle
Atualização:

SÃO PAULO - Operários corriam nesta quinta-feira, 3, para deixar a primeira parte do trecho leste do Rodoanel Mario Covas pronta para receber veículos, a partir de sexta-feira, 4. Grandes extensões da via ainda não tinham sinalização horizontal, como faixas de rolamento ou demarcação de acostamento. Também havia pontos em que as defensas metálicas da lateral da pista não estavam instaladas. Outro problema era a poeira que invadia o asfalto em vários segmentos. Quase todos os postes de iluminação noturna restavam sem lâmpadas.

PUBLICIDADE

Apesar de tudo isso, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) participou de uma cerimônia pela manhã para inaugurar o trecho leste, a sua principal promessa de campanha no setor rodoviário. O próprio tucano prometeu que os veículos já poderão circular pela estrada logo na sexta-feira. Contudo, a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), que regula as concessões de rodovias paulistas, não informou a hora de abertura do trecho leste para o público. Alckmin fica impedido de tomar parte de entregas de obras a partir de sábado, já que concorrerá à reeleição.

O que se sabe é que às 8h desta sexta-feira uma vistoria técnica será feita pelo órgão para avalizar a entrega do trecho de 37,7 km aos veículos. Por enquanto, não será cobrado o pedágio de R$ 2,10 nas quatro saídas onde estão instaladas as praças de arrecadação. No Rodoanel, a cobrança só é feita na hora da saída do veículo. O trecho leste funcionará inicialmente entre o trecho sul do Rodoanel e a Rodovia Ayrton Senna, por onde passarão 33,2 mil veículos por dia -- cerca de 45% deles, caminhões. Ele só deverá estar completo, até a Rodovia Presidente Dutra, daqui a dois meses, quando terá 43,5 km de extensão.

De acordo com a diretora-geral da Artesp, Karla Bertocco Trindade, diversos aspectos precisam ser checados antes. "A gente ainda não tem a previsão do início de cobrança, porque depende de uma série de coisas. Então, vamos checar todos os call-boxes (telefones fixos de emergência instalados ao longo do acostamento), toda a iluminação, todos esses itens, para aí autorizar a cobrança de pedágio."

Questionada se o pedágio começará a ser praticado em uma semana, ela disse achar "difícil". "Um mês, talvez. Uma semana não é possível."

Uma deficiência encontrada no trecho leste do Rodoanel é a falta de sinal de telefonia celular. Problema semelhante acometeu o trecho sul da rodovia quando de sua entrega, em 2010. Trindade explica que a Artesp se reuniu com as operadoras de celular para tentar agilizar a instalação de antenas ao longo do tramo leste. "Então, 84% do trecho está com cobertura de celular, pelo menos uma operadora."

Como os telefones fixos de emergência ainda estarão desligados nas primeiras semanas de funcionamento do trecho leste, o governo promete fiscalizações rotineiras da Polícia Rodoviária Estadual para garantir a segurança dos usuários. "Da Ayrton Senna para cá tem uma base da polícia, 24 horas aqui. A rodovia vai ser policiada, isso faz parte desse trabalho", disse Alckmin.

Publicidade

O governador fez questão de ressaltar em seu discurso que a obra é ambientalmente correta, já que o trecho que passa sobre a várzea do Rio Tietê, próximo à Ayrton Senna, é elevado. Contudo, a reportagem constatou que vários sacos de cimento, além de concreto seco e outros tipos de entulho da obra estavam jogados na várzea, sob os viadutos.

Marcos Abreu Fonseca, presidente da concessionária SPMar, responsável pela obra e pela administração do trecho leste, afirmou que toda essa sujeira será limpa. "Nós ainda vamos retirar. Tudo isso foi feito em cima de geogrelha e de uma manta. Você prepara uma parte do caminho para pode passar com guindaste e tal. E esse material, depois, é todo retirado. Na verdade, a licença que a gente tem de implantação é de cinco anos."

Atraso. Alckmin explicou ainda que a obra está 114 dias atrasada e que a concessionária responsável pela construção foi multada em R$ 471 mil por dia.

O presidente da SPMar disse que interferências não programadas impediram o cumprimento do cronograma. "Isso muitas vezes demora, porque não era uma coisa prevista e você começa a tratar no momento em que se depara. Por exemplo, algumas adutoras que encontramos de Sabesp, que nem o município tinha o cadastro."

PUBLICIDADE

Pavimento. Fonseca também falou a respeito do fato de o pavimento do trecho leste do Rodoanel ser, em sua maior parte, de asfalto. Nos traçados oeste e sul, predomina o concreto, apontado por especialistas como mais resistente e menos propenso a rachaduras e ondulações. "As experiências que a gente tem no Brasil, de modo geral, não são muito boas. Tivemos alguns problemas com a execução de pavimentos em outras obras rodoviárias. Já o pavimento flexível (asfalto) não, temos uma tecnologia super-avançada."

A construção do trecho leste do Rodoanel, iniciada em agosto de 2011, custará R$ 3,6 bilhões, investimento feito pela concessionária SPMar, que já administra o trecho sul. Alckmin também disse na cerimônia que o trecho norte da rodovia será entregue no primeiro semestre de 2016, finalizando os 176 km do Rodoanel.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.