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Ônibus movido a etanol precisaria de incentivos fiscais em SP

Custos operacionais do veículo, apresentado nesta 3ª, serão até 10% maiores que dos que utilizam o diesel

Por Giuliana Vallone
Atualização:

O ônibus movido a etanol, apresentado nesta terça-feira, 23, pela Universidade de São Paulo (USP), ainda possui um diferencial de custo sobre o veículo que utiliza diesel que varia entre 7% e 10%. Isso porque, apesar de o álcool ser mais barato, o motor consome mais combustível, causando esse aumento.   Veja também:  SP apresenta ônibus a etanol e Kassab pede 10 veículos em 2008     Por isso, os idealizadores do projeto em São Paulo esperam conseguir um incentivo fiscal do governo para abater essa diferença. "Esperamos obter algum tipo de incentivo fiscal de ICMS. O gás natural, por exemplo, que é um produto considerado pouco poluente tem esse tipo de vantagem", disse o professor dr. José Roberto Moreira, presidente do Conselho Gerenciador do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), que coordena o projeto no País.   A implementação de veículos movidos a etanol no transporte público é mais um passo da popularização do combustível, que possui tecnologia 100% brasileira, no País. Diferentemente dos automóveis flex, porém, o ônibus a álcool não roda apenas com o etanol.   A composição do combustível utilizado é de 95% álcool e 5% de um aditivo importado, produzido pela sueca Sekab. A empresa, que faz parte da Fundação Sueca para o Desenvolvimento do Etanol (Baff) produz há mais de 20 anos o produto utilizado para viabilizar o sistema de ônibus a etanol na Suécia.   Segundo Paulo Bento Maffei de Souza, diretor para a América Latina da Baff, a Sekab tem grande interesse no mercado brasileiro, já que a frota de ônibus por aqui, apenas na cidade de São Paulo, soma 15 mil veículos, em comparação com apenas 600 em toda a Suécia.   Souza afirmou que a empresa já negocia a produção, no Brasil, do aditivo utilizado pelos ônibus. "Já estamos conversando com possíveis parceiros, mas ainda não posso dizer quem são", disse. Ele contou, porém, que essas empresas são do setor químico.   Apesar de não haver números fechado sobre isso, a produção do aditivo no País poderia diminuir os custos do ônibus movido a etanol, já que não seria mais necessário arcar com as despesas de importação e transporte do produto da Suécia para o Brasil.   O veículo faz parte de uma ação global denominada BEST (BioEthanol for Sustainable Transport), que é de iniciativa da prefeitura de Estocolmo, na Suécia, e tem o apoio da União Européia. O investimento no projeto, aqui no Brasil, já soma R$ 1,6 milhão.   O custo do veículo, com motor produzido pela Scania e carroceria da Marcopolo, deve ficar na faixa dos ônibus movidos a diesel, de cerca de R$ 450 mil. "Pode haver uma diferença de no máximo R$ 40 mil no preço", afirmou Moreira.

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