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ONG perde direito de usar faixa de ônibus

Entidade que transporta crianças com câncer para tratamento perdeu prazo de renovação para trafegar em corredores exclusivos

Por Artur Rodrigues
Atualização:

Uma ONG que presta serviço de transporte a crianças com câncer perdeu o direito de trafegar na faixa exclusiva de ônibus da cidade de São Paulo há cerca de um mês. Durante um ano, a Associação Helena Piccardi de Andrade Silva (Ahpas) usava os corredores para levar os pacientes com sérios problemas de mobilidade a hospitais. Após o recebimento de quatro multas, a entidade agora tem de enfrentar, com suas sete Kombis, o trânsito de São Paulo.

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A Secretaria Municipal de Transportes afirma que a entidade deveria ter renovado o pedido para usar as faixas exclusivas. No entanto, a Ahpas afirma que em nenhum momento havia sido comunicada de que a autorização era temporária. Em dezembro de 2010, a Ahpas teve um pedido negado. O posicionamento da administração municipal mudou após questionamentos feitos pelo Jornal da Tarde, em março de 2011, e eles haviam recebido a autorização.

"As crianças moram muito longe, a mais de 40 quilômetros do centro, onde estão os hospitais especializados. São crianças amputadas, que usam sonda, muito debilitadas. Não faz sentido nenhum elas não poderem transitar nos corredores", afirma a professora Tatiana Piccardi, de 52 anos, que criou a entidade há 12, após perder a filha, Helena, vítima de câncer.

De acordo com a entidade, um dos motoristas está prestes a perder a carteira de habilitação por causa das multas. Transitar na faixa exclusiva de ônibus é uma infração grave - prevê cinco pontos na carteira e multa de R$ 127,69. Nesta semana, a Ahpas entrou com pedido de renovação na Secretaria de Transportes e a revogação das multas.

A dona de casa Antônia Nunes de Souza, de 37 anos, conta que a restrição influencia na vida da filha, Daniela, de 16 anos, em tratamento de um tumor no cérebro. "Moramos na Chácara Santana, na zona sul, e ela faz tratamento no Hospital das Clínicas. Com trânsito, leva umas duas horas. Não poder andar na faixa só piora", diz.

A Secretaria de Transportes afirma que a entidade foi informada de que seria necessário renovar o pedido. Agora, analisa a solicitação da Ahpas.

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