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Vazamento de esgoto causou desabamento em obra do Metrô na Marginal do Tietê, diz governo

Trânsito foi bloqueado no sentido Ayrton Senna. Parte de pista cedeu ao lado de canteiro de obras da Linha 6 perto da Ponte do Piqueri. Empresa diz que coletora de esgoto foi rompida

Foto do author Renata Okumura
Foto do author Marco Antônio Carvalho
Por Renata Okumura e Marco Antônio Carvalho
Atualização:

Um desmoronamento em uma obra da Linha-6 Laranja do Metrô na manhã desta terça-feira, 1º, fez ceder parte do asfalto da Marginal do Tietê e provocou a interdição da via no sentido Ayrton Senna. O acidente ocorreu nas imediações da Ponte do Piqueri, na zona oeste de São Paulo, e, segundo o governo, foi causado pelo rompimento de uma coletora de esgoto. O motivo dessa ruptura ainda não foi esclarecido. Não houve vítimas. Quatro trabalhadores da obra foram socorridos após contato com a água do esgoto, mas liberados em seguida.

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O acidente e a interdição na Marginal do Tietê causaram transtornos nesta terça-feira. O trânsito ficou lento na marginal e em outras vias da cidade. No início da tarde, houve a liberação total da pista expressa da Marginal do Tietê, mas outras faixas seguiam interditadas para avaliação de risco. O rodízio municipal de veículos foi suspenso. 

Segundo a Secretaria de Transportes Metropolitanos (STM), houve o rompimento de uma galeria de esgoto que passa no sentido transversal ao túnel da obra do metrô. O vazamento teve início às 8h21 e o solo não suportou o peso da galeria de esgoto - por isso se rompeu. Um buraco era visto na manhã desta terça ao lado do canteiro de obras da Linha 6-Laranja. Imagens de vídeos gravadas pela manhã mostravam um fluxo de água na região e a erosão do terreno. A largura da cratera já ocupa três faixas da pista local da marginal.

Conforme a empresa responsável pela obra, a Acciona, não houve choque do tatuzão, equipamento de perfuração de túneis, com a galeria de esgoto, pois a tuneladora passava a três metros da galeria no momento da ocorrência. Essa hipótese havia sido apresentada inicialmente pelo Corpo de Bombeiros.

"Não houve choque entre o tatuzão e as coletoras ou adutoras", afirmou o diretor da Acciona, André De Angelo. Segundo ele, todas as medidas estão sendo tomadas para identificar o que causou o rompimento da coletora. "Vamos buscar rapidamente soluções para retomar as obras." 

Segundo a Linha Uni e a Acciona, responsáveis pelas obras da Linha 6-Laranja de metrô, o rompimento da coletora de esgoto ocorreu próximo ao VSE Aquinos (poço de ventilação e saída de emergência).

"Equipes da Linha Uni, da Acciona e demais técnicos estão no local para apurar os fatos. Todas as medidas de contingência já foram tomadas. Parte do asfalto da Marginal Tietê cedeu e, por questão de segurança, a pista está parcialmente interditada", disse, em nota.

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A STM informou ainda que, tão logo tomou conhecimento do incidente, determinou o isolamento de todo o perímetro e enviou uma equipe para acompanhar a apuração da causa. "As causas do acidente estão sendo apuradas, assim como a extensão dos danos à obra e às vias locais", afirmou. Um comitê foi criado para investigar a causa do incidente e avaliar soluções técnicas para drenagem, retomada das obras, conserto da tubulação e da Marginal, informou a STM.

Buraco se formou ao lado de canteiro de obras do Metrô Foto: Reprodução/TV Globo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também se manifestou. "A Acciona identificou que o problema foi de uma coletora, eles atingiram uma coletora da Sabesp. Dadas as circunstâncias, é o menor dos problemas, poderia ser algo muito mais grave", disse.

"Felizmente não tivemos nenhuma vítima, nem com ferimentos e muito menos óbito. Tivemos quatro pessoas socorridas em pronto-socorro porque tiveram contato com a água, tomaram um medicamento, tomaram banho e trocaram de roupa", completou o governador. 

Técnicos da Sabesp foram ao local e, segundo o diretor-presidente da companhia, Benedito Braga, a quantidade de esgoto em vazamento já havia diminuído no início da tarde.

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"Estamos trabalhando na recuperação desse coletor de esgoto que teve um solapamento. Nesse momento, a quantidade de esgoto que chega aqui é bem menor do que a que chegava pela manhã. A situação não representa um grande problema. Até o fim do dia essa questão do esgoto estará resolvida", disse Braga, no início da tarde desta terça.

A tubulação afetada é chamada de interceptor de esgotos ITI-7 e é responsável por encaminhar o esgoto coletado para tratamento na Estação de Tratamento de Esgoto de Barueri. "Técnicos da companhia trabalham no momento para desviar o esgoto para outros interceptores", afirmou a Sabesp. 

Mais cedo, o porta-voz do Corpo dos Bombeiros, capitão André Elias, afirmou que uma das hipóteses é de que o acidente tenha ocorrido após um choque do tatuzão, mas ainda não sabia se foi atingida uma adutora ou se a água vinha do leito do rio.

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"A informação que nós temos é de que realmente essa máquina teria atingido alguma coisa, mas não cabe ao Corpo de Bombeiros saber realmente o que foi. Cabe à empresa que fez a obra e a toda a parte de engenharia do Metrô dar provimentos a isso", disse ele em entrevista à GloboNews.

"O que temos, do local, é de que pode ter sido o leito do rio ou de transporte de fluidos. Essa informação não temos".  Mais tarde, Braga afirmou que não foi atingida a calha do Rio Tietê. Mergulhadores chegaram a ser acionados para localizar possíveis vítimas.

A CET informou, no início da tarde, que a pista expresa da Marginal do Tietê, no sentido Ayrton Senna, foi totalmente liberada. Já a pista local está com o trânsito desviado para o corredor formado pelas avenidas Ermano Marchetti e Marquês de São Vicente. Os veículos retornam para a Marginal na altura da Praça Pedro Corazza. E os veículos que trafegam pela pista central estão sendo desviados para a expressa na altura do canteiro de obras, retornando para a pista central a seguir.

Em razão da ocorrência, o rodízio municipal de veículos está suspenso nesta terça-feira, tanto o do período da manhã quanto o da tarde/noite.

Dados da CET mostraram o efeito do bloqueio sobre os indicadores de lentidão no trânsito da cidade. Por volta das 10h, a lentidão atingiu a média superior do registro, com 5,9% das vias monitoradas. A Marginal sentido Ayrton Senna registrava engarrafamento estimado de 7 quilômetros, o que se refletia também em outras ruas e avenidas das imediações. 

Tatuzão operava no local desde dezembro e tinha previsão de percorrer 10km

O tatuzão, equipamento de perfuração de túneis, operava no local do acidente desde 16 de dezembro. A tuneladora, nome técnico do equipamento, começou a escavação em um evento que contou com a presença do governador João Doria (PSDB). Ele partiu do VSE Tietê (poço de ventilação e saída de emergência) e chegaria até um outro VSE na Avenida Senador Felício dos Santos, no centro. 

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O equipamento percorreria dez quilômetros nos próximos meses entre as estações Santa Marina e São Joaquim. Pesando 2 mil toneladas, cada Tatuzão possui diâmetro de 10,61 metros e extensão de 109 metros, de acordo com especificações da empresa responsável pela obra. Sua capacidade de perfuração é de aproximadamente 12 a 15 metros por dia.

Para a sua operação são necessárias aproximadamente 50 pessoas, divididas em três turnos de trabalho, informou a Acciona. A máquina possui refeitório, cabine de enfermagem, esteira rolante para a retirada do material escavado, além de cabine de comando e equipamentos auxiliares.

A Linha 6-Laranja do Metrô tem a previsão de interligar o bairro da Brasilândia, na zona norte, à Estação São Joaquim, na região central da capital. A obra tem 15 quilômetros de estação e previsão de construção de 15 estações. A previsão do governo do Estado é que a linha, quando estiver pronta, deverá transportar 630 mil passageiros por dia. 

A obra é fruto de uma parceria público-privada (PPP) do governo com a concessionária Linha Universidade. As obras estão em execução pelo braço de construção do grupo Acciona. Depois de finalizada a obra, a Linha 6 deverá ser operada pela Linha Uni por 19 anos.

Paradas por quatro anos, desde setembro de 2016, as obras foram reiniciadas em outubro de 2020. O contrato da implantação, manutenção e operação da linha foi comprado pela empresa espanhola Acciona em 2019. Antes ele era do consórcio Move São Paulo (formado pela Odebrecht TransPort, a Queiroz Galvão e a UTC Engenharia).

Embora o contrato do consórcio anterior tenha sido assinado em 2013, as obras foram iniciadas apenas em abril de 2015 e paradas no ano seguinte. Em 2008, o Estado chegou a noticiar que a linha começaria a operar de forma parcial em 2012 e integralmente três anos depois.

Cratera de estação em Pinheiros deixou sete mortos em 2007

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Em 2007, um deslizamento de terra no canteiro de obras da Estação Pinheiros, da Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo abriu um gigantesco buraco de 80 metros de diâmetro e 30 metros de profundidade na tarde do dia 12 de janeiro de 2007. 

Em pouco mais de um minuto a cratera tragou tudo à sua volta: caminhões, máquinas, carros e quem passava pelo local. Sete pessoas morreram e 79 famílias tiveram que ser removidas de casas interditadas.

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