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Obra do memorial da TAM entra na reta final

Praça em homenagem às 199 vítimas do acidente deve ficar pronta no dia 10 de julho. Sete dias depois, desastre com Airbus completa 5 anos

Por Cristiane Bomfim
Atualização:

Toda terça-feira, quando está em São Paulo, o empresário gaúcho Roberto Silva, de 56 anos, prepara, na companhia de sua mulher, 70 cachorros-quentes e leva para os operários que estão trabalhando na construção do memorial em homenagem às vitimas do acidente da TAM, que matou 199 pessoas. A rotina, que começou em janeiro, vai terminar no dia 17 de julho, quando a tragédia completa cinco anos.

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Há três anos, ele comprou um apartamento na frente do Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo. E com vista para a praça, para poder acompanhar as obras que, quando terminarem, vão deixar menos pesadas suas noites. A filha de Silva era uma das comissárias de bordo do voo JJ 3054. Tinha 20 anos e estava na TAM havia dez meses. "Os operários não têm noção do que estão construindo. É muito mais do que uma obra. Foi nessa praça a última vez que minha princesa Madalena esteve na Terra", disse Silva, que se divide entre o Rio Grande do Sul e São Paulo.

Quando não está no canteiro de obras, ele acompanha o trabalho dos operários do número 7.305 da Avenida Washington Luís da janela do prédio onde mora. "As obras estão adiantadas e acredito que o memorial estará pronto no dia prometido. Aquele lugar vai deixar de ser um espaço cinzento e feio. Vai ser bonito e de vida, porque a vida continua", disse.

Os operários se revezam na construção da praça e trabalham de domingo a domingo das 7 às 17 horas. Estão sob a supervisão do engenheiro Edgar Barreiros, de 53 anos, que garante que antes da data prometida tudo estará pronto. "Mesmo com as chuvas imprevistas para o mês", disse.

A praça está sendo construída ao redor de uma amoreira que resistiu à explosão da aeronave. "Ela será o símbolo da vida e da capacidade de vencer os traumas. Todo o projeto se organizou em torno dela", contou o arquiteto e autor do projeto Marcos Cartum, que semanalmente também visita o local.

O espelho de água que envolve a amoreira está pronto. O muro em formato de arco que separa a praça da avenida e dá a sensação aos pedestres de que estão num mirante, também.

Falta ainda o piso, que por enquanto é puro barro. "Nós começaríamos a fazer no feriado de Corpus Christi, mas a chuva não ajudou. Como voltou a chover hoje (ontem), vamos deixar para sexta, sábado e domingo, que são dias com previsão zero de chuva", explicou Barreiros.

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Homenagem. No piso serão colocados 199 pontos de luz em memória às vítimas do acidente, que também terão seus nomes pintados na mureta que separa o espelho de água do resto da praça.

A previsão é de que até 10 de julho esteja pronta a praça, com brinquedos para crianças e bancos. Os trabalhos de paisagismo, como colocação de grama e plantio de pequenos arbustos, devem começar antes disso.

O presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAM JJ3054 (Afavitam), Dario Scott, de 49 anos, afirma que a construção da praça está dentro do que foi combinado com a Prefeitura. "No início, queríamos que ela tivesse um teatro com 190 lugares para que o local fosse símbolo de alguma ação social, mas explicaram que não seria possível e nos apresentaram outro projeto que foi aceito pela maioria", disse.

"É um marco para São Paulo e um espaço para reflexão, para que acidentes como esse não ocorram mais." As homenagens dos familiares e amigos das vítimas para o dia da inauguração serão definidas na próxima semana.

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