10 de setembro de 2015 | 16h51
O “trenzinho da Cantareira” marcou época na zona norte e ainda é possível ver resquícios da passagem da estrada de ferro pela região. No Clube da Sabesp, por exemplo, está preservada a construção que serviu como última parada da linha, a Cantareira. A estação Tremembé, que já não existe, ficava no lugar da Praça Dona Mariquinha Sciascia.
Essa história toda começou no final do século XIX. Em novembro de 1893, o Estado publicava uma nota referente à inauguração da ferrovia. Participaram autoridades e convidados ilustres como Bernardino de Campos, Cerqueira César, José Pereira Rebouças e Ramos de Azevedo.
Tudo Sobre: Tremembé
Na época, São Paulo passava por problemas de abastecimento de água. Com o crescimento da cidade, a estrutura de captação não era suficiente para toda a população. Foi assim que surgiu a Estrada de Ferro Cantareira.
Também chamada de Tramway da Cantareira, em referência à empresa canadense responsável pelas instalações, a linha tinha como objetivo transportar materiais para a construção da Companhia Cantareira de Águas e Esgotos.
Segundo o historiador e jornalista Eduardo Britto, autor de dois livros sobre o Tremembé, o objetivo era construir uma adutora, que escoaria a água captada junto à Serra da Cantareira até a Consolação. De lá, ela seria distribuída para toda a cidade.
Para ajudar na operação, o trem carregado de materiais deixava a estação Tamanduateí, no centro, rumo à zona norte. Com o tempo, os moradores da beira da linha acabaram adotando o trem como meio de transporte e também para levar a produção agrícola de seus sítios e chácaras que seria vendida no Mercadão.
“O Tremembé, a zona norte em geral, foi a zona de desenvolvimento mais tardio de São Paulo, pela distância e pelo isolamento causado pela várzea do Tietê”, explica Britto. “Quando o trenzinho começou a passar por aqui facilitou muito o acesso e o crescimento populacional.”
Trem das Onze. A mãe de Adoniran Barbosa com certeza não teria dormido se tivesse esperado o filho pegar o trem das 23h para o Jaçanã. Isso porque não havia função na ferrovia nesse horário. Tampouco Adoniran morava no bairro. Apesar disso, a Tramway da Cantareira foi eternizada pelo sambista na canção “Trem das Onze”.
Em 1965, após sete décadas de serviço e milhões de passageiros transportados, toda a linha Tramway foi desativada. Dois mil passageiros eram transportados por dia, em média, mas o movimento não era suficiente para cobrir as despesas mensais da companhia.
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