'O partido era a vida da minha mãe'

Maria morreu em 2011, mas controla R$ 10,4 mi

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Por Redação
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A líder comunitária Maria José da Cruz Guimarães, de 60 anos, a Zezé, "era uma petista roxa, o partido era a vida dela", recorda a filha, Ivonete Guimarães, de 34. Ela mora com dois filhos em um puxadinho de três cômodos no Valo Velho, na zona sul, endereço oficial da Associação dos Amigos do Conjunto Modelar.

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Ivonete ficou atônita ao saber que a mãe, morta em março de 2011, vítima da doença de Chagas, constava como a gestora de uma verba de R$ 10,4 milhões do Programa Minha Casa Minha Vida, para construir 200 moradias populares na região. "Não sabia, não. Quem ficou com a associação agora é o Edson Galdino, que foi marido dela", diz Ivonete. "Ele também é petista doente, igual ela era. Mas não sabia que ele estava com alguma verba."

A mãe de Ivonete presidia a associação do Conjunto Modelar, entidade agora comandada pelo ex-marido que, desde 2012, funciona no Jardim São Luís, a quase 15 quilômetros do Valo Velho. Mas, no cadastro das entidades do Ministério das Cidades, é Zezé, como a líder petista era conhecida no bairro, quem comanda o projeto do empreendimento Dom José 1.º.

"O Ministério (das Cidades) já sabe que sou eu quem ficou com a obra. Se está no nome dela é por engano", argumenta Galdino, o ex-marido agora gestor da verba milionária. Filiado ao PT, ele argumenta que a definição dos 200 futuros beneficiários de casas próprias no Dom José 1.º, feita pela entidade, não teve critérios políticos.

"O movimento é independente do partido. Isso não gera exclusão", diz o petista e líder sem-teto. Apesar de a entidade ter conseguido o terreno onde vai construir as moradias, o projeto ainda não saiu do papel. No mesmo terreno serão erguidos outros 200 imóveis do empreendimento Dom José 2.º, tocado pela Associação de Moradores do Jardim Comercial, do também petista Pedro Alencar, o Pedrinho do Capão Redondo.

"Nós somos uma entidade antiga no bairro, e tocamos outros 14 projetos da Prefeitura. Até os velórios do bairro eram aqui. No Minha Casa Minha Vida escolhemos as famílias que realmente são mais necessitadas", diz Antonia Lúcia Fernandes, da associação do Jardim Comercial.

No terreno dos futuros conjuntos, na Estrada de Itapecerica, duas famílias, uma de cada associação, moram em casas improvisadas. Elas tomam conta da área para que ninguém invada o lugar.

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A dona de casa e estudante de pedagogia Marinilce Aparecida Domingues, de 36 anos, é uma delas. Filiada à associação do Jardim Comercial, ela diz: "Quem não tem dinheiro para pagar a mensalidade da associação não pode participar (dos sorteios das casas feitos pela entidade)", contou.

/ A.F. e D.Z.

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