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O Pacaembu pertence a todos

Por Mauro Chaves
Atualização:

Para o Corinthians seria um recibo de incapacidade, incompetência. Depois de sucessivas diretorias terem prometido à fiel nação corintiana a construção da sonhada sede própria, com a apresentação festiva de lindas maquetes de um moderníssimo estádio (compatível com a grandeza de suas tradições), surgiu essa ideia de jerico: "Passar" para a posse do Corinthians, por 30 ou 40 anos, aquilo que é de todos os times e torcedores da cidade, o Estádio Municipal do Pacaembu.

 

 

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Quem teve essa infeliz ideia não capta o espírito e o orgulho dos corintianos. Se o estádio é um patrimônio de todos, se o poder público municipal nele investiu uma boa soma de dinheiro dos contribuintes para realizar importantes reformas, se nele está instalado o Museu do Futebol (documentação histórica das glórias de atletas e clubes brasileiros), como deixá-lo na posse exclusiva de um único time, por mais prestígio que esse tenha?

 

Não seria o mesmo que dizer que o Corinthians só se salvará se beneficiado de uma espécie de "cota" ou de "Bolsa-Família" do futebol, o que significa chamá-lo de carente crônico, quando não de usurpador de bem que é de todos?

 

O argumento dos altos custos do Pacaembu para a Prefeitura é outro recibo de incompetência, neste caso, para a administração municipal. Imagine-se se em razão dos ‘altos custos’ de manutenção do Teatro Municipal, a Prefeitura resolvesse entregá-lo em comodato ou arrendá-lo para uma única companhia de teatro, ópera ou dança por melhor que fosse. Trata-se de um bem artístico - cultural inalienável de São Paulo, assim como inalienável é o bem esportivo/cultural do Pacaembu. Quem não pensa assim carece de sensibilidade tanto esportiva e cultural quanto histórica.

 

Se agentes do poder público não se consideram em condição de preservar e manter os ícones de uma cidade, é melhor que se demitam e cedam lugar aos que têm competência para tanto.

 

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