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'O elevador me salvou. Foi a única coisa que sobrou'

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Por Redação
Atualização:

O ajudante de pedreiro Alexandro da Silva Fonseca (foto), de 31 anos, escapou por um triz e sem um arranhão do desabamento. Ele trabalhava em uma obra no Edifício Liberdade, o maior entre os que caíram, e estava dentro do elevador no momento do acidente. Quando a porta abriu, ele viu a parede à frente caindo, fechou a porta do elevador e o prédio desabou. Ontem, ele contou os momentos de medo e tensão dentro do prédio."Havia acabado de subir até o 9.º andar com o material para a obra que fazia no local. Quando a porta do elevador se abriu, o prédio já estava começando a cair. Reboco, tijolo, telhado. Parecia que estava se esfacelando. Quando vi que estava caindo, a primeira coisa que pensei foi em voltar para o elevador. Quando voltei, ele caiu. Desceu em queda livre. Tentei me segurar em alguma coisa para não bater a cabeça quando ele parasse.Parou entre o terceiro e o quarto andar, mais ou menos. Foi o elevador que salvou a minha vida. Foi a única coisa que sobrou do prédio.Esperei duas horas pelo resgate. Acho que foi o pior momento da minha vida. A primeira coisa que passou na minha cabeça quando tudo aconteceu foi na minha família. Pensei muito nos meus quatro filhos. Eles são todos pequenos e dependem de mim. Havia muita fumaça e estava tudo escuro. A única luz que tinha era a do meu celular. Meu compadre (André) estava do lado de fora do prédio e ficou falando comigo a cada 5 ou 10 minutos, para me tranquilizar. No momento que ouvi a voz do rapaz do resgate, consegui relaxar um pouco. Os bombeiros cortaram um caminho para mim. Sou fininho e consegui passar. Não tive ferimento nenhum. Parece milagre. Meu aniversário oficial é no dia 13 de fevereiro. Mas, como nasci de novo ontem, vou também passar a comemorar o dia 25 de janeiro como data de segundo nascimento.

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