09 de julho de 2013 | 02h07
"A plataforma é pequena para conter o povo que dá votos de felicidade num entusiasmo delirante". É com essa impressão que Aurelio Stievani parte para o combate contra as tropas federais em 14 de julho de 1932 e também abre o diário da Revolução Constitucionalista que escreveu no calor dos fatos. Com quatro volumes e 131 páginas, o relato de Stievani é rico em sentimentos que revelam a mobilização dos civis que São Paulo vivenciou naqueles quase três meses de conflito. "A guerra tem seu lado bom. É essa camaradagem, fraternidade que floresce entre aqueles que se batem por uma causa justa", concluiu o voluntário que lutou no 2.º pelotão da 2.ª companhia do Batalhão Universitário Paulista.
Aurelio Stievani tinha 24 anos e era aluno da Politécnica quando se alistou. Formou-se engenheiro civil no ano seguinte do conflito. O batalhão, formado por universitários, viria a ser chamado de 14 de julho, em referência ao dia em que partiu de São Paulo para Itararé, na fronteira com o Paraná. O batalhão universitário era um entre as dezenas que se formaram quando as forças paulistas lideradas pelo general Isidoro Lopes tomaram o Estado e iniciaram a marcha para o Rio.
O diário relata 37 dias em que Stievani esteve em ação no setor sul. No total foram 41. Os últimos quatro relatam seus dias no hospital, para onde foi depois de ter apanhado uma forte gripe - "tenho todos os membros entorpecidos", escreveu da trincheira em Bury, um pouco antes de subir num caminhão e partir para o hospital.
O diário, só agora revelado, ficou com Stievani até sua morte, em 1982. Seus pertences foram entregues ao primo, Tito Nalon. Mas foi só seu filho, Renzo quem o descobriu em meio a diversos documentos. Depois de quase 80 anos desconhecido, o entregou à sobrinha de Stievani, Terezinha Olcese Smith. Agora ela espera entregá-lo aos filhos de Stievani. Confira alguns trechos - outros relatos estão no Estadão Acervo.
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