''O coreto virou refúgio de drogados e ladrões''

População afirma que, depois do presídio de Pracinha, rotina de tranquilidade foi substituída por preocupação com assaltos à mão armada

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Por William Cardoso e Chico Siqueira
Atualização:

O aumento na criminalidade mudou a rotina de moradores de Osvaldo Cruz e tem provocado protestos na cidade. Sentados no banco da Praça da Matriz, os aposentados José Luiz Bogalhos, de 55 anos, e Emílio Baldo, de 65, explicam a situação. "A gente dormia com as janelas abertas, podia sentar na praça e conversar a noite inteira", afirma Baldo. "O nosso coreto virou esconderijo de drogados e ladrões", completa Bogalhos. "Depois que instalaram o presídio, começaram a aparecer bandidos perigosos e a acontecer esses assaltos à mão armada", completa Baldo. Presidente da associação comercial do município, João Lino diz que não há dúvidas de que o aumento da criminalidade está ligado à penitenciária. "A situação piorou muito de lá para cá. Faltam policiais nas ruas. A gente pede para as autoridades, mas elas não colocam. No comércio, o maior problema são os furtos para comprar drogas e esse tráfico está ligado ao presídio." Preconceito. Há nove meses, Patricia Almeida Santos Silva, de 40 anos, deixou São Paulo e se mudou com os quatro filhos para Pracinha (a 575 km da capital), onde está preso, desde 2007, seu companheiro, João Batista, de 55 anos, condenado a dez anos por tráfico. Ela mora em uma casa de madeira e vive com auxílio de parentes e do programa Renda Mínima. "Sofri e ainda sofro preconceito. O choque cultural e de comportamento é muito grande", diz Patricia. "Outro dia, meu filho foi acusado de ser traficante porque estava usando uma jaqueta diferente para o pessoal daqui, mas que seria normal em São Paulo."

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