Novo zoneamento deve revitalizar Rebouças e Bandeirantes

Expectativa é de que a ampliação de atividades possíveis nas avenidas em ZCors proporcione negócios para imóveis vazios

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Por Adriana Ferraz
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SÃO PAULO - Prevista para entrar em vigor até o fim do mês, a nova Lei de Zoneamento deve ajudar a revitalizar corredores de comércio ociosos de São Paulo, mesmo em tempos de crise. A expectativa é de que a ampliação do número de atividades possíveis nas avenidas classificadas como zonas corredor (ZCors) proporcione novas oportunidades de negócios para imóveis vazios, à espera de locatários.

Segundo entidades ligadas ao mercado imobiliário, as Avenidas dos Bandeirantes, Rebouças, Washington Luís e Indianópolis são exemplos de vias passíveis de serem “recuperadas”. “A valorização pode ocorrer porque a restrição de usos será reduzida com a nova lei. Isso amplia o espectro de potenciais locatários de imóveis desocupados”, diz o engenheiro Reinaldo Fincatti, diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp).

Avenida Rebouças tem 22% de seus imóveis desocupados; novo zoneamento permite que virem restaurante ou bar Foto: Felipe Rau/Estadão

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A liberação de uma gama maior de comércios e serviços em vias próximas de bairros residenciais é uma das principais polêmicas do projeto de lei aprovado no mês passado pela Câmara Municipal e atualmente em análise pelo prefeito Fernando Haddad (PT). A aprovação das ZCors ocorreu sob protestos de associações de moradores, que prometem ir à Justiça contra as novas regras.

Quando estiver valendo, o zoneamento permitirá, de acordo com o local, que um sobrado hoje usado apenas como escritório ou clínica médica seja transformado em restaurante ou bar. É o que pode ocorrer, por exemplo, com os imóveis da Avenida Indianópolis, que corta o Planalto Paulista, bairro estritamente residencial (ZER) na zona sul.

“Isso pode dar um impulso novo à região”, diz o corretor de imóveis José de Moraes Veloso, que atua no bairro há 22 anos. “Há cerca de 40 casas para alugar na Indianópolis. E tem gente interessada mesmo em abrir um restaurante ali. Agora vai poder.”

Outra possibilidade assegurada pelo zoneamento para os corredores comerciais da capital é trocar o comércio pela moradia. Os vereadores aprovaram a liberação de prédios de até 5 andares ou 15 metros nas ZCors.

Prazo. Para representantes da Associação Comercial de São Paulo, a valorização deve ser mais acentuada em locais que já têm um fluxo intenso de comércios e de serviços. “Não acredito em novos pontos comerciais em áreas isoladas de ZER, por exemplo. Naquelas já tradicionais, essa mudança pode sim mudar a cara da via”, diz a arquiteta Larissa Campagner, da Comissão de Política Urbana da entidade.

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Larissa, no entanto, ressalta que esse processo não será imediato, por causa da situação econômica do País. “Diante dessa crise, não há planejamento urbano que resolva.”

Só 14% da Rebouças é residencial

Levantamento do Grupo de Estudos Urbanos (GEU), de agosto de 2015, mostra que apenas 14% dos estabelecimentos da Avenida Rebouças têm uso residencial. São 19 prédios e 13 casas com essa característica, conforme estudo comandado por Milton Fontoura, que defende mais residências na via. “A Rebouças é uma joia da cidade que não tem sido bem aproveitada. Ela leva a dois corredores com alta concentração de empregos, as Avenidas Paulista e Brigadeiro Faria Lima. Poderia ser uma excelente opção de moradia para quem trabalha ali”, afirma o especialista em geomarketing.

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De acordo com o levantamento, o uso residencial mais intenso ajudaria a amenizar a alta taxa de imóveis desocupados na via – 22%. O trânsito pesado da região e o valor do aluguel explicam parte desse número. Na média, o metro quadrado para locação sai por R$ 46.

Ex-presidente do Sindicato da Habitação (Secovi) e atual conselheiro consultivo da entidade, Claudio Bernardes diz que o mercado pode interessar-se pela proposta, caso o valor das unidades compense o investimento feito no terreno. “No caso da Rebouças, o trânsito pode ser um complicador. Avenidas com tráfego muito carregado acabam com imóveis desvalorizados.”

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