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Novo perfil do Ipiranga atrai 40% mais crimes Outros bairros parecidos não têm problemas

Moradores do tradicional bairro se preocupam com tendência de alta; neste mês, foi registrado o primeiro latrocínio deste ano

Por Camilla Haddad e JORNAL DA TARDE
Atualização:

No Ipiranga, casarões antigos e pequenos estabelecimentos comerciais perdem espaço para novos prédios, lojas de grife, universidades, além do metrô. A mudança de perfil fez o tradicional bairro da zona sul da capital se tornar atraente para criminosos. Nos primeiros quatro meses deste ano, os roubos em geral e furtos e roubos de carros cresceram mais de 40% em relação a igual período do ano passado.A sensação de insegurança ficou mais presente no dia 18, quando o Ipiranga registrou o seu primeiro latrocínio (roubo seguido de morte) neste ano. O aposentado Hélcio Augusto, de 67 anos, foi morto a tiros por ladrões que queriam seu Mitsubishi Pajero. O assassinato foi na frente do Edifício Palace Pierre Labatut, onde Augusto havia comprado imóvel para morar com a família, na Rua Labatut.Um outro assalto por pouco também não terminou em morte, dias antes. O consultor Fábio Akira, de 29 anos, foi baleado de raspão ao se recusar a entregar sua moto, na Rua Brigadeiro Jordão. Ele e a namorada foram abordados na frente de um edifício. A moto do rapaz é avaliada em R$ 30 mil.O zelador do prédio, Marcos Nascimento, de 37 anos, foi quem ajudou a socorrer Akira. Ele já perdeu as contas das queixas de assalto. Orienta os moradores a ter o máximo de cuidado na rua e ao estacionar o carro. "Outro dia levaram uma Strada de um moço. Tinha código, mesmo assim eles (os bandidos) conseguiram abrir", diz. O Setor de Inteligência do 17.º Distrito Policial (Ipiranga) já identificou e mapeou os locais com maior incidência de delitos. As ruas - que não tiveram os nomes divulgados - serão alvo de uma operação das Polícias Civil e Militar. "Queremos flagrar os ladrões de carro, que é o nosso problema principal", explica o delegado titular Evandro Luiz de Melo Lemos. Entre 2009 e 2010, a média era de 26 carros roubados por mês. Hoje, é de 45.Mais policiamento. O presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Ipiranga, Sérgio Yamada, diz acreditar que faltam abordagens policiais no bairro. "Não está escrito na testa quem é bandido e quem não é. Precisamos de policiamento mais enérgico", diz. Para o capitão da PM Cleodato Moisés, quando há melhora social de um bairro ocorre aumento de crimes. "Ladrões preferem locais de grande movimento e com bom poder aquisitivo." O Sindicato da Habitação (Secovi-SP) diz que 1.024 unidades foram erguidas, entre 2010 e 2012. Os bairros de Vila Leopoldina, na zona oeste, e da Mooca, zona leste, que têm características semelhantes às do Ipiranga, com crescimento imobiliário e comercial, não registraram índices criminais acima da média, segundo a Secretaria da Segurança Pública.Na região do 91º Distrito Policial (Ceagesp), que responde pela Vila Leopoldina, o crime que mais se destaca é roubo em geral. Roubo de carro tem caído, e furto de carro é um índice que se mantém estável. No 57º DP, que recebe as ocorrências da Mooca, os roubos em geral e roubos e furtos de carros caíram.Para o tenente-coronel Eduardo Agrella Carvalho, comandante do 46º Batalhão da Polícia Militar (Heliópolis), o bairro do Ipiranga terá uma mudança em suas estatísticas criminais. Para o oficial, será uma questão de tempo. "Não vai ser sempre assim. É que combatemos a criminalidade nas Avenidas Almirante Delamare e Tancredo Neves e, com isso, os criminosos migraram para outras ruas, entre elas a Labatut e a Manifesto", diz."Agora temos reforçado o policiamento com o uso de motos. Também temos montado diversas operações aqui na região." De acordo com o oficial, a primeira delas já foi desencadeada na semana passada. / C.H.

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