Novo chefe da PM assume tropa após corte de salários

Redução de até 20% nos vencimentos, obtida pelo Estado no STF, causou revolta; já o coronel Benedito Meira promete 'diálogo'

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Por Marcelo Godoy
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O governo de São Paulo anuncia hoje o coronel Benedito Roberto Meira como comandante-geral da PM e o delegado Luiz Maurício Souza Blazeck como o delegado-geral da Polícia Civil. Na tarde de ontem o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi ao gabinete do novo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, acertar novas ações da pasta e detalhes do anúncio que ocorre hoje, em meio a uma onda de violência que não dá trégua e a sinais de perda de controle da disciplina na Polícia Militar. O problema não é apenas o fato de os PMs terem se tornado alvo de ações do Primeiro Comando da Capital (PCC), o que pôs lenha na fogueira interna - ou a possível reação de policiais que estariam por trás de ações de extermínio na periferia. O imbróglio envolve uma ação da Procuradoria do Estado no Supremo tribunal Federal (STF) contra uma decisão da Justiça de São Paulo que beneficiava os PMs, mudando a forma de cálculo de seus vencimentos.A procuradoria conseguiu no STF uma liminar que fez com que cerca de 70 mil policiais militares tivessem seus salários cortados em 5% a 20% no último mês. "Houve quem falasse em greve no meu batalhão. Como explicar esse corte de salário para uma tropa que teve policial assassinado pelos criminosos?", disse ao Estado um coronel.O governo de São Paulo tem consciência do desafio que enfrenta. Ele tenta explicar aos policiais que a Procuradoria do Estado era obrigada por lei a recorrer da decisão que dava ganho de causa aos policiais - os vencimentos com o valor recalculado eram pagos desde 2011. A ação no STF feita pelo procurador do Estado, Elival dos Santos Ramos, seria anterior ao início da matança de policiais em junho.A Associação de Cabos e Soldados da PM, a maior e mais importante entidade de classe da corporação, refutou os apelos de greve feitos por policiais. "Devemos mostrar que nossos princípios estão muito acima de nossos líderes", afirmou em nota o presidente da associação, cabo Wilson de Morais. Seu documento, distribuído à tropa, termina com uma advertência: "A insensibilidade dos fortes provocará a revolta dos fracos".O governo alega que não podia pagar agora o que mandava a Justiça paulista sem que houvesse uma decisão definitiva. Isso colocaria em risco o Erário. O novo secretário da Segurança está ciente do problema e decidiu ontem que vai conversar com as entidades de classe da PM a fim de tentar encontrar uma saída.Apoio. Ele conta ainda com o homem que deve ser anunciado hoje como o novo comandante-geral, coronel Benedito Roberto Meira, para pacificar os coronéis - muitos dos quais estavam em rota de colisão com o ex-comandante, Roberval França. Meira hoje é o secretário-chefe da Casa Militar. Fez carreira em Bauru e tem perfil conciliador.

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