26 de novembro de 2012 | 02h06
O governo de São Paulo anuncia hoje o coronel Benedito Roberto Meira como comandante-geral da PM e o delegado Luiz Maurício Souza Blazeck como o delegado-geral da Polícia Civil. Na tarde de ontem o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi ao gabinete do novo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, acertar novas ações da pasta e detalhes do anúncio que ocorre hoje, em meio a uma onda de violência que não dá trégua e a sinais de perda de controle da disciplina na Polícia Militar.
O problema não é apenas o fato de os PMs terem se tornado alvo de ações do Primeiro Comando da Capital (PCC), o que pôs lenha na fogueira interna - ou a possível reação de policiais que estariam por trás de ações de extermínio na periferia. O imbróglio envolve uma ação da Procuradoria do Estado no Supremo tribunal Federal (STF) contra uma decisão da Justiça de São Paulo que beneficiava os PMs, mudando a forma de cálculo de seus vencimentos.
A procuradoria conseguiu no STF uma liminar que fez com que cerca de 70 mil policiais militares tivessem seus salários cortados em 5% a 20% no último mês. "Houve quem falasse em greve no meu batalhão. Como explicar esse corte de salário para uma tropa que teve policial assassinado pelos criminosos?", disse ao Estado um coronel.
O governo de São Paulo tem consciência do desafio que enfrenta. Ele tenta explicar aos policiais que a Procuradoria do Estado era obrigada por lei a recorrer da decisão que dava ganho de causa aos policiais - os vencimentos com o valor recalculado eram pagos desde 2011. A ação no STF feita pelo procurador do Estado, Elival dos Santos Ramos, seria anterior ao início da matança de policiais em junho.
A Associação de Cabos e Soldados da PM, a maior e mais importante entidade de classe da corporação, refutou os apelos de greve feitos por policiais. "Devemos mostrar que nossos princípios estão muito acima de nossos líderes", afirmou em nota o presidente da associação, cabo Wilson de Morais. Seu documento, distribuído à tropa, termina com uma advertência: "A insensibilidade dos fortes provocará a revolta dos fracos".
O governo alega que não podia pagar agora o que mandava a Justiça paulista sem que houvesse uma decisão definitiva. Isso colocaria em risco o Erário. O novo secretário da Segurança está ciente do problema e decidiu ontem que vai conversar com as entidades de classe da PM a fim de tentar encontrar uma saída.
Apoio. Ele conta ainda com o homem que deve ser anunciado hoje como o novo comandante-geral, coronel Benedito Roberto Meira, para pacificar os coronéis - muitos dos quais estavam em rota de colisão com o ex-comandante, Roberval França. Meira hoje é o secretário-chefe da Casa Militar. Fez carreira em Bauru e tem perfil conciliador.
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