Novo ato do MTST para trânsito na região central da capital

Grupo quer a desapropriação deterreno invadido no Morumbi, o que foinegado pela Prefeitura

PUBLICIDADE

Por Diego Zanchetta
Atualização:

No 31.º protesto em São Paulo neste ano - média de um por semana -, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) paralisou ontem as principais vias da região central para pedir ao governo municipal a desapropriação do terreno particular onde está a mais recente ocupação da entidade, o Portal do Povo, no Morumbi. Cerca de 5 mil pessoas, segundo o movimento, percorreram à tarde 3 quilômetros entre a Avenida Paulista e a Rua Libero Badaró. Só no centro o índice de lentidão chegou a 13 quilômetros, às 15 horas - motoristas chegaram a ficar parados, com carros desligados, por meia hora na Rua da Consolação.A reintegração de posse foi solicitada à Justiça pela Construtora Even, dona de parte do terreno onde está a ocupação do Morumbi. Como ocorreu há dois meses com a Ocupação Copa do Povo, em Itaquera, o MTST quer que o governo desaproprie a área e viabilize no local moradias populares para os invasores, por meio do Programa Minha Casa Minha Vida. "Não é só pela ocupação Copa do Povo. Existem outros compromissos assumidos pela administração com a gente, em relação a outros acampamentos, que até agora não foram cumpridos", afirmou Guilherme Boulos, de 32 anos, coordenador do MTST.Ontem, a mobilização do MTST lembrou os protestos realizados pela entidade em junho, quando um acampamento chegou a ser feito na frente do prédio da Câmara Municipal por uma semana. Com vuvuzelas, buzinaço e carro de som, os manifestantes se postaram na frente do prédio da Secretaria Municipal de Habitação. Uma comissão com 13 líderes da organização se reuniu com técnicos da Cohab por volta das 17 horas.Ao fim da reunião, o governo informou que o terreno da ocupação Portal Do Povo não será desapropriado. Mas o MTST apresentou outras seis áreas próximas do Morumbi que serão avaliadas. Os sem-teto comemoraram a decisão e prometem fazer novos protestos para pressionar pelo atendimento das famílias que estão na ocupação do Morumbi. O governo, porém, diz que a fila habitacional será respeitada e os moradores da ocupação devem procurar se cadastrar na Prefeitura.O que mais motivava as pessoas que foram ontem ao protesto era assinar a presença nas listas de cada uma das 16 ocupações do movimento. A presença em manifestações rende pontuação e é decisiva na hora que a entidade indica quem serão os beneficiários de programas como o Minha Casa Minha Vida/Entidades. Caos. Durante o protesto de ontem, quem estava na Avenida São Luís e ao longo do Viaduto Maria Paula ficou parado no trânsito. "Não é possível, toda hora o centro ficar parado por causa de um pequeno grupo. Isso não é certo. Cadê o meu direito de ir e vir também?", dizia o empresário Thiago Fernandes, de 31 anos, dentro do carro parado na Rua Xavier de Toledo. Com a Libero Badaró fechada, motoristas não tinham como retirar seus carros dos estacionamentos localizados ao longo da via. "Moro em Vinhedo, preciso voltar, hoje é aniversário da minha filha. E agora, como vou pegar meu carro?", indagou o comerciante Ronaldo Costa, de 41 anos, a um PM que ajudava a bloquear a rua.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.