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Nova queda do volume do Cantareira faz crescer risco de falta de água na Copa

Faltando dez dias para terminar o mês, choveu apenas 24% do que é esperado como média para fevereiro - época considerada de chuva

Por Ricardo Brandt
Atualização:

CAMPINAS - O Sistema Cantareira atingiu 17,7% de sua capacidade nesta sexta-feira, 21, aumentando os riscos de desabastecimento de água durante a Copa do Mundo, nos meses de junho e julho. Faltando dez dias para terminar o mês, choveu apenas 24% do que é esperado como média para fevereiro - época considerada de chuva, em que os reservatórios do sistema deveriam estar armazenando água para enfrentar a estiagem de inverno, a partir de abril.

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O índice é o mais baixo apresentado desde o início de operação do sistema, em 1974. Dos 202,6 milímetros de chuva acumulada, esperados para fevereiro, foram registrados 48,7 mm na área de influência do Cantareira, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

As represas do sistema abastecem 8,8 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo e 5,5 milhões no interior. Cálculos do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) estimam que precisaria chover 1 mil milímetros nos meses de fevereiro e março, para recuperar as perdas de novembro, dezembro e janeiro, e conseguir entrar no inverno com 50% da capacidade dos reservatórios.

Alerta. "O consórcio alertava desde o começo de dezembro sobre os riscos de seca no verão e sobre a necessidade de se economizar água", afirma o coordenador de projetos do Consórcio do PCJ, José Cezar Saad. "Uma chuva como essa, nesse volume, dificilmente vai acontecer", afirma ele.

Com o Cantareira sem água e em seu pior nível desde que foi construído, em 1974, em uma época em que deveria estar cheio, cresce o risco de desabastecimento durante a Copa, que acontece em um mês naturalmente com pouca chuva. São Paulo e Campinas vão receber seleções do torneio.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem garantido que não haverá racionamento de água e disse que está autorizado o uso da água do fundos dos reservatórios em uma emergência. Por determinação do comitê formado pelo governo federal, estadual, empresas de água e entidades, se estuda a utilização dessa água chamada de volume morto, que pode ser bombeada e tratada para uso. Esse procedimento nunca foi feito antes.

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