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Nos hotéis, a memória do centro

Das estalagens sujas aos endereços de luxo, uma história do progresso de SP

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Por Redação
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Em viagem por São Paulo em 1819, o escritor e botânico francês Auguste de Saint-Hilaire classificou a única estalagem das redondezas como "imunda" e "deplorável". Era reflexo de uma cidade ainda provinciana, quase um vilarejo, com menos de 25 mil habitantes, sem ruas retificadas ou condições sanitárias adequadas. Desde então, a inauguração de hotéis em São Paulo esteve sempre intimamente ligada ao desenvolvimento paulistano, um testamento das transformações sociais e urbanísticas da metrópole em formação.A mesma tendência ocorre atualmente, mesmo na São Paulo de 11 milhões de habitantes, 410 hotéis e 42 mil quartos. Depois de anos sem novidades, quase como nos tempos de Saint-Hilaire, o setor hoteleiro no centro voltou a ter investimentos em 2010, com a inauguração de dois hotéis e a promessa de três grandes bandeiras nos próximos anos nas imediações das Ruas São Bento e Doutor Vieira de Carvalho. Novamente, reflexo de uma cidade que quer recuperar sua memória e voltar a ocupar seu centro histórico."A região central sempre foi o principal polo hoteleiro da capital", diz o engenheiro Caio Calfat Jacob, consultor hoteleiro e diretor do Secovi-SP. Com base em uma pesquisa de quase cinco anos, ele vai participar, no próximo dia 27, do evento 100 Anos da Hotelaria no Centro de São Paulo, que contará com palestras e um passeio pelos endereços que abrigaram os principais hotéis neste período (informações e inscrições pelo telefone 5591-1304). "O problema foi que, a partir de 1980, os setores bancário, econômico e político de São Paulo foram para outros bairros mais afastados e os hotéis também se mudaram. Mas agora há indícios que apontam que as grandes redes estão apostando novamente no centro, com a construção de empreendimentos ou a reforma de antigos."Como os hotéis são elementos marcantes na paisagem das cidades, é possível traçar um paralelo da cronologia do setor hoteleiro no centro de São Paulo com a própria evolução arquitetônica e socioeconômica da capital - dos pioneiros Hotel Palm e Grand Hotel até os renomados Ca"d"Oro e Hilton, suas histórias ajudam a entender o crescimento da cidade. "O setor hoteleiro representa, assim, o desenvolvimento de São Paulo", diz Jacob.

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