11 de abril de 2011 | 00h00
Os pichadores já deixaram rastros em toda parte. Há também lixo, ruas e calçadas sem cuidados. O ambulante Valdomiro Reis, de 60 anos, diz que o bairro tem a "cara" do Nordeste. "Pode sair perguntando, é tudo baiano, paraíba e cearense." Uma das marcas é o churrasco grego, espeto giratório de carne, a R$ 1 no pão, com direito a suco. Moradores reclamam da demora nas obras do metrô, paralisadas há um ano. O trânsito é confuso e falta ônibus no horário de pico.
O bairro da Penha, na zona leste, também tem vida própria, com shopping, mercadão, camelódromo, o tradicional Clube Esportivo e várias igrejas, entre elas a basílica de Nossa Senhora da Penha. Morador há 48 anos, o comerciante Nelson Rocha, de 53, lembra que, antes da chegada do metrô, o bairro era servido por uma única linha de ônibus, a Lapa-Penha. O percurso era tão longo que serviu de referência para a dose dupla de cachaça do lugar, segundo Rocha. "No bar até hoje a gente pede um lapa-penha." O bairro está cercado de prédios populares e favelas. À noite falta segurança e rolam bailes funk. "Isso é São Paulo", diz.
Andar pelas ruas da Casa Verde, na zona norte, é como estar no interior. Quitandas, lojinhas e lotéricas se misturam com residências térreas, com pequenos jardins e floreiras nas janelas. As pessoas se cumprimentam pelos nomes. O bairro, bem cuidado, não tem prédios, graças à proximidade do Aeroporto Campo de Marte, em Santana. "Estamos preocupados porque já liberaram as construções", diz o comerciante Sidnei Santos.
Considerado o primeiro bairro de São Paulo, Pinheiros, na zona oeste, foi aldeia indígena e depois rota dos tropeiros que chegavam do Sul do País. As obras do metrô tumultuaram a rotina dos moradores. "Queremos frear a verticalização e preservar os bolsões verdes", disse o engenheiro ambiental Mário Sampaio, militante de uma associação de moradores.
Entre as áreas deterioradas estão o antigo Largo da Batata e o entorno da Estação Faria Lima. Atrações são a Igreja do Calvário e a feira de antiguidades da Praça Benedito Calixto. Sampaio considera a Vila Madalena, com sua elegante boemia, uma extensão de Pinheiros. Em ruas charmosas, como a Purpurina, a Harmonia e a Delfina, alternam-se barzinhos, ateliês, pubs e padarias.
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