28 de junho de 2012 | 03h05
A Câmara Municipal retirou de seu site o registro do garagista que ganhava R$ 11.431,45 por mês e virou símbolo da discrepância nas remunerações da Casa. Benevenuto da Silva Neto, funcionário há pelo menos 28 anos, recebe mais do que o presidente José Police Neto (PSD), que tem salário bruto de R$ 9.288,05.
Seu salário, maior também que o dos 55 vereadores, foi divulgado pelo Estado um dia após a Câmara de São Paulo se tornar o primeiro órgão legislativo do Brasil a divulgar remunerações de servidores e virou tema até a revista inglesa The Economist.
O nome e o salário do garagista - que constavam do site no dia 4 de junho - ontem não estavam mais lá. E ele não foi exonerado da Casa, já que não houve publicação no Diário Oficial da Cidade. Procurada no início da tarde de ontem, a assessoria de imprensa da Presidência da Casa afirmou que só conseguiria responder hoje sobre a ausência do nome de Benevenuto. O funcionário não foi localizado para comentar o tema.
Histórico. Benevenuto é um dos funcionários mais antigos da Casa. Segundo servidores, ele trabalha como motorista há décadas e já prestou serviço para ex-vereadores. Faz parte de um grupo de funcionários chamados de "celetistas", em referência à sigla CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). São servidores contratados antes da Constituição de 1988, que criou a exigência de concurso público para ocupação de cargos efetivos. Ou seja: têm mais estabilidade no emprego e direito a todas as gratificações e aumentos previstos na carreira - não concedidas aos funcionários comissionados atuais, nomeados sem concurso.
Como ele foi contratado há quase três décadas, as regras da época abriam a possibilidade de se incorporar vários benefícios aos salários, o que explica parte das grandes remunerações dos funcionários da Câmara.
Transparência. Segundo a resolução da Mesa Diretora da Casa que determinou a divulgação dos salários, todos os vencimentos dos funcionários celetistas deveriam ter sido divulgados no início deste mês. Dessa maneira, o do "garagista de R$ 11 mil" havia sido divulgado na data correta, juntamente com as remunerações de outros 732 servidores da Câmara.
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