No meio da disputa por poder, os reais interesses da cidade

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Por Diego Zanchetta
Atualização:

Bastidores:O pano de fundo da crise entre a gestão Gilberto Kassab (DEM) e a base governista na Câmara Municipal é a eleição para a Mesa Diretora de 2011. O prefeito tem confidenciado aos principais assessores que vai trabalhar pela eleição do líder de governo, José Police Neto (PSDB), como presidente do Legislativo. Para Kassab, a eleição de Police Neto seria uma forma de enfraquecer o "centrão", grupo que age como fiel da balança em tudo o que passa pela Câmara desde outubro de 2004. São 16 vereadores que integram o grupo - PMDB, PP, PTB, PR e outros partidos.A articulação de Kassab enfureceu os aliados do bloco, entre eles o atual presidente da Câmara, Antonio Carlos Rodrigues (PR), o vereador Aurélio Miguel (PR) e o aliado Milton Leite (DEM), que também pretende postular a Presidência. Em ano eleitoral, o bloco também tem pressionado pela liberação de verbas e indicação de cargos em subprefeituras. Desde janeiro, contudo, um decreto do prefeito ampliou o controle dos gastos nas subprefeituras, o que irritou os vereadores. Kassab também não tem cedido à pressão por mais cargos. E o "centrão", por sua vez, tem pesado cada vez mais para o lado oposto aos interesses do prefeito, ao se aliar à bancada do PT nas obstruções dos textos do Executivo em plenário.É a primeira vez que Kassab entra em atrito com a base governista. No ano passado, ele conseguiu aprovar sem dificuldades a nova Lei de Políticas Climáticas e a concessão urbanística da Nova Luz, entre outras propostas. Neste ano, ao não ceder à pressão por mais cargos, Kassab tem enfrentado a mesma situação que José Serra (PSDB) viveu nos 15 meses em que foi prefeito, entre janeiro de 2005 e abril de 2006. O tucano não aceitou indicações do "centrão" e exonerou funcionários ligados aos vereadores. Serra, ao contrário de Kassab, não recebia telefonemas nem ligava para vereadores antes de votações de seu interesse. A dúvida é saber se Kassab vai manter a queda de braço, como forma de mostrar pulso firme, ou vai arrefecer, conforme a necessidade de composição com os partidos na eleição de 2012. Temerosos com a dimensão que a crise pode ganhar, nem Kassab nem o "centrão", por ora, se dispõem a comentar e tornar pública essa disputa que deixa pelo caminho os reais interesses da cidade.Repórter do Caderno "cidades/Metrópole"

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