Ninguém consegue explicar o apagão

Empresa pede 3 dias para dizer o que causou blecaute anteontem nas zonas sul e oeste

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Por Fabio Mazzitelli
Atualização:

Concessionária privada de transmissão de energia elétrica responsável pelo apagão que afetou 700 mil pessoas anteontem em São Paulo, a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP) não consegue explicar a causa da interrupção no fornecimento de luz e pediu pelo menos três dias para justificá-la à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo o diretor de Operações da CTEEP, Celso Cerchiari, o defeito no sistema de proteção da Subestação Milton Fornasaro, no Jaguaré, zona oeste, não ocorreu por causa de fenômenos naturais, como vento, chuva ou raio. Ao constatar a falha, o fornecimento de energia foi automaticamente interrompido. O blecaute ocorreu no início da noite de anteontem nas zonas sul e oeste."Não houve curto-circuito, descarga atmosférica, tampouco dano de equipamento. Daí nos leva a um problema intrínseco no sistema de proteção. Estamos checando cada via de comando, e são dezenas, para que a gente possa identificar o ponto que acionou essa proteção", diz o diretor da CTEEP, sem dar um prazo para a identificação da causa do apagão. "Para não interromper a transmissão, só trabalhamos de madrugada, sem desligar a subestação. Pretendemos concluir o trabalho no início da próxima semana."A sucessão de apagões em São Paulo gerou duras críticas do governo paulista. "Não é possível São Paulo, a quarta maior metrópole do mundo, ficar horas sem energia elétrica", afirmou o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que semanas atrás anunciou multa à Eletropaulo em razão do apagão de junho. Para o secretário de Estado de Energia, José Aníbal, falta investimento. "Não precisa ser especialista para concluir isso. Tanto quanto a Eletropaulo, essa empresa passa por um processo de desinvestimento e de prioridade da gestão financeira sobre a prestação de serviços", criticou. "Não chovia nem relampejava. Isso é assustador."No caso das transportadoras de energia elétrica, a fiscalização das empresas cabe exclusivamente à Aneel, diferentemente do que ocorre com distribuidoras como a Eletropaulo, cuja fiscalização é compartilhada entre as agências reguladoras federal (Aneel) e estadual (Arsesp). Multa. A Aneel informou que se reunirá em até 15 dias com o Operador Nacional do Sistema e concessionárias envolvidas no fornecimento de energia para avaliar o apagão de anteontem. Se a responsabilidade da CTEEP for comprovada, a empresa pode ser multada em até 2% do faturamento, ou R$ 44 milhões.Segundo um engenheiro especializado em infraestrutura do mercado de fornecimento de energia, que pediu anonimato, o grande problema é a falta de fiscalização das agências reguladoras, o que tem relação direta com os constantes apagões. Neste ano, foram três grandes blecautes na cidade - dois relacionados à CTEEP (transmissão) e um à Eletropaulo (distribuição). "Um incidente pode ocorrer, mas não com essa frequência."Na outra queda de energia de responsabilidade da CTEEP neste ano, que ocorreu em fevereiro na Subestação Bandeirante, zona sul, a concessionária não recebeu multa. Segundo a Aneel, fiscais concluíram que não era caso de multa. / COLABOROU JAIR ACEITUNO

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