
23 de janeiro de 2012 | 03h00
Rodrigo Henrique Gonçalves, de 30 anos, foi um dos primeiros a deixar a área com a família. "Fomos pegos de surpresa, nem temos para onde ir", dizia ele, pela manhã.
Grávida de cinco meses, Jenifer Moreira, de 18 anos, aguardava a chegada da polícia para identificar a sua casa e seguir para a triagem. Ela estava dormindo quando a PM chegou. "Foi uma gritaria. Os policiais chegaram jogando bomba e atirando spray. Fiquei com os olhos ardendo."
Informações desencontradas aumentavam ainda mais a tensão entre os moradores. "Disseram para ir para a triagem, mas já rodei tudo e não consigo chegar lá", reclamava Saaid Ahmad Ali.
Os moradores estavam perdidos durante a reintegração. "Só Deus para nos ajudar nesse momento", dizia Marcos Roberto Claro, que levava cinco crianças e a mulher em um Chevette com o pneu furado.
Para o comerciante José Eduardo de Oliveira, de 30 anos, morador há quase oito anos no assentamento, a ação de desocupação deveria ser mais bem planejada. "Só consegui trazer algumas coisas, salvei meus filhos e os cachorros." Ele diz que deram apenas três minutos para ele sair. Segundo Oliveira, as mercadorias deixadas somam mais de R$ 2 mil, que ele espera reaver logo após a liberação da polícia para retirada dos móveis.
Sem estrutura. A maior reclamação dos desalojados era em relação às condições das tendas montadas no centro esportivo do bairro. "Isso parece um chiqueiro. Estão nos tratando como bicho", dizia a dona de casa Angela dos Santos, de 26 anos, referindo-se à lama e o mau cheiro da área. Antonia Anacleta da Silva, de 55 anos, há quase oito no Pinheirinho, dizia que ia passar a noite na calçada de uma das casas em frente ao centro de triagem. "Não tenho para onde ir", dizia, assustada com o barulho dos tiros e das bombas.
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