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'Não vou deixar que um maluco impeça meu trabalho' diz juíza

Magistrada feita refém no Fórum do Butantã agradeceu apoio de colegas e destacou os riscos vividos pela categoria

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Por Redação
Atualização:
Durante a ação no Fórum do Butantã, Alfredo José dos Santos deu uma 'gravata' na juíza Tatiane Moreira Lima e jogou combustível no corpo dela Foto: Reprodução

SÃO PAULO - A juíza Tatiane Moreira Lima, feita refém na tarde desta quarta-feira, 30, no Fórum do Butantã, na zona oeste de São Paulo, divulgou nesta quinta uma mensagem de agradecimento em um grupo de magistrados no WhatsApp. No áudio, a juíza diz que está bem e que "não vai deixar que um maluco impeça seu trabalho". O motorista Alfredo José dos Santos, de 36 anos, autor do ataque, foi detido. 

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Tatiane, que foi jogada ao chão e teve o corpo coberto com gasolina, conta que os danos físicos e psicológicos foram mínimos. "Que essa situação difícil que eu vivi possa se tornar algo bom e beneficiar toda a nossa carreira porque expõe realmente um risco a que todos estamos sujeitos", disse a magistrada.

A juíza ainda destacou sua atuação em relação à violência doméstica e disse que "uma pessoa só não pode apagar um trabalho que beneficia uma série de pessoas". 

O ataque. Alfredo José dos Santos entrou correndo pela saída do prédio, que não tem detector de metais, e incendiou um dos corredores. Segundo a polícia, ele entrou no prédio carregando gasolina em pequenas garrafas guardadas no bolso e ainda tinha coquetéis molotov na mochila. Após incendiar a escadaria, Santos correu até um dos corredores do fórum e agarrou a juíza. 

Durante a ação, o homem deu uma “gravata” na magistrada e jogou combustível no corpo dela. Em seguida, o agressor lançou outro produto químico na juíza e fazia ameaças de que atearia fogo. Toda a segurança do fórum se mobilizou para contê-lo. Ele foi cercado por PMs e, depois de breve negociação, entregou-se.

Leia abaixo a mensagem da juíza:

Agradeço ao carinho enorme de todo o grupo, as mensagens que tenho recebido de vários colegas, enfim, todo esse carinho. Me sinto abraçada, me sinto querida e muito confortada. Graças a Deus os danos físicos foram mínimos e os danos emocionais também, felizmente. Eu não vou deixar que um maluco impeça que eu faça o meu trabalho, que exerça minha função, um trabalho que eu amo tanto e que eu me dedico muito a essa causa da violência doméstica. Uma pessoa só não pode apagar um trabalho que beneficia uma série de pessoas. Agradeço muito a todo o carinho e todo o apoio que vocês têm dado e que essa situação difícil que eu vivi, ruim, muito difícil mesmo possa se tornar algo bom e possa beneficiar toda a nossa carreira porque expõe realmente um risco a que todos estamos sujeitos. Eu agradeço de coração e peço que transmitam essa mensagem aos outros grupos, outros colegas. Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que colocaram o nome, prestaram homenagem, que foram prestar seu apoio, que rezaram, me mandaram uma palavra amiga, um carinho. Muito obrigado a todos. Sinto que nós não estamos sozinhos, isso é muito importante nesse momento: sentir que nós fazemos parte de um corpo todo e que nossa atuação precisa ser garantida realmente com maior segurança, melhores condições de trabalho para todos. Muito obrigada e fico me sentindo privilegiada de ter esse carinho e que esse fato possa se converter em algo melhor para todos nós. 

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