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Não há consenso sobre racionamento, diz novo secretário de Alckmin

Volume de água armazenado no Sistema Cantareira caiu para 13,2%, o mais baixo até agora

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela e Fabio Leite
Atualização:

SÃO PAULO - O novo secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo, Marco Antonio Mroz, disse nesta sexta-feira, 4, que não há consenso no governo paulista sobre a necessidade de adotar o racionamento de água no Estado. "Essa questão não está cristalizada no governo. Não há um consenso sobre isso", afirmou Mroz, que é filiado ao PV e era o adjunto da pasta.

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A adoção de medidas restritivas para o uso da água do Sistema Cantareira foi defendida pelo presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu. Ontem, o volume de água armazenado no principal manancial paulista, que abastece 47% da Grande São Paulo e a região de Campinas, caiu para 13,2% da capacidade, o mais baixo até agora. Há um ano, esse índice era de 62%.

Mroz, que assumiu a secretaria em substituição a Edson Giriboni, candidato a deputado federal pelo PV nas eleições de outubro, disse acreditar que a água disponível é suficiente para levar o abastecimento até setembro. "Se chover um pouco, vamos chegar até outubro, quando começa um novo ciclo hidrológico." Na avaliação dele, a situação dos mananciais que abastecem a Grande São Paulo ainda está melhor do que a do sistema de geração de energia de Furnas, no sul de Minas.

Segundo Mroz, as medidas técnicas possíveis já foram tomadas pelo governo para o máximo aproveitamento da água. "Estamos usando o Sistema Guarapiranga, que tem bastante água, e preparando para usar o volume morto (água que fica abaixo do nível dos túneis de captação) quando for necessário."

O secretário disse também que o foco do governo é aumentar a disponibilidade de água para abastecer a Região Metropolitana. "Queremos discutir o compartilhamento de água que está disponível", disse, citando o plano do governo de captar água na Bacia do Rio Paraíba do Sul para abastecer a Grande São Paulo e que enfrenta resistência do governo do Rio.

"Já estamos fazendo isso no Vale do Ribeira, com o Sistema São Lourenço", disse ele, sobre a Parceria Público-Privada (PPP) que vai captar 4,7 mil litros por segundo a 83 quilômetros da Região Metropolitana, no Rio Juquiá, para a estação de tratamento em Cotia. As obras começam neste mês, e a previsão é iniciar a operação em 2018.

Situação crítica. Relatório diário do comitê anticrise que monitora o Cantareira mostra uma situação ainda mais crítica nas duas principais represas do sistema. Considerados o coração do manancial, os reservatórios Jaguari e Jacareí, na região de Bragança Paulista, estão com apenas 5,8% da capacidade, o mais baixo já registrado. Juntos, eles representam 82% da reserva de água do Cantareira.

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Após o verão mais seco desde 1930, quando a medição começou a ser feita, as chuvas no Cantareira voltaram a ficar perto da média histórica em março. No entanto, o volume previsto para o período seco, que começa na segunda quinzena deste mês, é insuficiente para recuperar os níveis dos reservatórios.

Segundo o comitê anticrise, foi a vazão afluente de 5,4 mil litros por segundo registrada no mês passado na barragem Paiva Castro, entre Franco da Rocha e Mairiporã, que "contribuiu significativamente" para a redução do volume de água retirado das represas Jaguari e Jacareí, que poderia estar ainda mais seco. O problema é que a Paiva Castro representa apenas 0,7% de toda a capacidade do Sistema Cantareira. / COLABOROU GABRIELA VIEIRA

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