
17 de abril de 2010 | 00h00
O fator demográfico não parece determinante. Os pequenos municípios são quase a metade entre os que instituíram arquivos locais. O tamanho e a riqueza das cidades são menos decisivos do que a perspicácia cultural e política de governantes e da sociedade local. Esta constatação ganha aliados em outros exemplos. A pequenina Iepê possui singular museu arqueológico em padrões técnicos adequados. Tarumã tem arquivo municipal e um dinâmico centro cultural. Já Assis, polo regional, assiste indiferente à decomposição dos museus e a biblioteca municipal sonha eliminar a debilitada coleção de jornais locais.
Na década de 1960 surgiram arquivos e museus para preservar a história paulista. Hoje, a documentação escrita divide espaço com outros documentos. São patrimônios ferroviário, como o da Sorocabana, paisagístico e ambiental em poucas unidades de conservação no interior, a diversidade cultural dita imaterial, ao lado de registros audiovisuais, que pedem cuidados técnicos.
A compreensão da ocupação territorial, da vida social e econômica exige a preservação de rios, mangues, manchas de florestas e do cerrado paulista, aos quais estão ligados caiçaras, quilombolas, bairros rurais, cidades. O estudo amplo da biodiversidade foi iniciado na década de 1990. Estas áreas abrigam também testemunhos da presença indígena. Não é apenas a história que corre o risco de perder-se. A educação, a cultura, o meio ambiente, o turismo e a cidadania demandam aprendizados novos, políticas públicas consistentes e de gestão integrada.
PROFESSOR NO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP)
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