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Não basta ser praia. É preciso ter Wi-Fi

Internet sem fio vira atrativo para turistas e moradores em bares na orla do Guarujá

Por Nataly Costa e GUARUJÁ
Atualização:

Nas férias de janeiro, não basta ir à praia e escolher o melhor lugar para fincar guarda-sol e comer espetinho de camarão. Em tempos de smartphones e tablets, um bom sinal de internet é fundamental também à beira-mar. Em praias do litoral norte e na Baixada Santista, já é possível encontrar conexão gratuita oferecida em meio à simplicidade dos quiosques de praia, de onde turistas checam e-mails ou postam fotos no Facebook enquanto a água de coco não chega.Quem alega ter inventado a moda de Wi-Fi na praia é Wellington Borba Rodrigues, dono do quiosque Aquarela, na Enseada, no Guarujá. "Fui o pioneiro, há três anos. Agora tem mais uns três ou quatro por aí na Enseada", conta.Rodrigues conta que, por causa da internet, recebe até grupos de empresários de São Paulo que vão fazer reunião e almoçar na cidade - sem trânsito nas rodovias, pode ser mais rápido do que cruzar a capital paulista em horário de pico. "Eles chegam aqui em uns quatro, cinco carros, colocam os notebooks na mesa, pedem comida. É como se fosse uma sala de reunião, só que na praia", diz o dono do quiosque.O Aquarela exige um mínimo de R$ 30 de consumo por mesa para liberar a senha da internet. Além das placas com os valores das porções e o petisco do dia, a barraca ostenta um enorme banner na porta avisando que ali tem Wi-Fi.Foi o que chamou atenção do casal de alemães Mitra Shirazi, terapeuta de 49 anos, e Klaus Kuchn, fotógrafo de 55. Perdidos com um GPS que não funcionava direito, precisavam desesperadamente acessar o Google Maps pelo celular para anotar as coordenadas até o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, de onde embarcariam no dia seguinte. Conseguiram isso com o pé na areia e tomando uma cerveja em pleno Guarujá. "É mais fácil encontrar Wi-Fi no Brasil que em muitos lugares da Europa. Tem até na praia", disse Mitra, que mora em Stuttgart.A poucos metros dali, no quiosque Fontes do Atlântico, internet livre sem consumo mínimo não é o único mimo que Adhemar Perez Filho oferece. "Eles aproveitam que eu estou no computador e pedem: 'Ô, Adhemar, transfere um dinheiro aí para a conta do meu cliente no banco tal, depois eu te pago', diz. "Também vem muita gente com celular que nem senta e já vai pedindo a senha do Wi-Fi."O sinal é bom e se estende da barraca para mais 100 ou 200 metros de mesinhas pela areia. Em uma dessas, a analista de sistemas Karol Pinheiro, de 26 anos, aponta para o namorado de iPhone branco na mão. "É na praia, no shopping, no supermercado, ele não se desconecta um minuto", conta. "Eu só estava dando uma olhadinha nas notícias sobre o São Paulo", defende-se o personal trainer André De La Rosa, de 27, que mora em Santo André. Segurança. Para o Wi-Fi funcionar bem, não dá para ficar muito perto do mar, porque aí não tem roteador que chegue. Além disso, mais perto da barraca, os veranistas se sentem mais seguros: a onda de assaltos no Guarujá durante o verão espanta muitos que querem levar o notebook para a praia. "Não gosto nem de andar com celular. Vizinhos meus já foram assaltados aqui", conta o advogado Murilo Silva, de 39 anos.O assunto é recorrente também na Praia de Pitangueiras, no centro do Guarujá. Lá, em 20 minutos, a reportagem do Estado flagrou três pessoas sendo detidas pela polícia e ouviu reclamações recorrentes de veranistas sobre a criminalidade nesta época do ano. "Não é bom andar com objetos de valor por aqui, principalmente na praia. Os clientes acabam usando internet só nas mesas mesmo", conta uma funcionária do Restaurante Tahiti, em Pitangueiras, que também dá Wi-Fi gratuito à beira-mar. Conectada. A professora universitária e publicitária Luciana Patara, de 33 anos, evita levar o tablet para a areia, mas aproveita a piscina do hotel à beira-mar e o restaurante na frente da praia para usar seu iPad. "Prometi tirar férias do Facebook, mas não resisti. Também gosto de ficar lendo os jornais do dia e revistas."

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