Na S. Ifigênia, laptop tinha azulejos dentro

Homem foi preso por estelionato ao tentar vender carcaça de computador por R$ 500

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Por Marcio Pinho
Atualização:

A Polícia Civil de São Paulo prendeu ontem na Rua Santa Ifigênia, um dos principais centros de vendas de eletrônicos da capital, um vendedor que tentava comercializar por R$ 500 um objeto que imitava um computador portátil, mas que na verdade tinha azulejos no interior.O produto tinha toda a aparência de um laptop. Carcaça, tela, teclado e até adesivo do supermercado onde teria sido comprado. As peças, contudo, eram avulsas, retiradas de diferentes computadores. O adesivo era na verdade o logotipo do supermercado recortado do jornal de ofertas. Não havia placas de funcionamento internas, apenas os azulejos que serviam para dar mais peso ao objeto e enganar o comprador.O vendedor, Renílson de Jesus Silva, de 25 anos, foi detido pelos policiais do Grupo Armado de Repressão a Roubos (Garra) quando tentava vender o objeto a um investigador. Ele vai responder por tentativa de estelionato. A prisão foi às 13h30. Segundo a polícia, ele não tinha nenhum advogado constituído para conversar com a reportagem na noite de ontem. Outro bandido que atuava com Silva conseguiu escapar da polícia.O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, supervisor do Garra, afirma que Silva já tem várias passagens pela polícia e estava em liberdade condicional. Um dos delitos anteriores havia sido tentar vender um objeto que imitava um videogame, mas que era preenchido com areia. A estratégia tornou-se recorrente nas principais ruas de comércio popular de São Paulo, como a Santa Ifigênia. Telefones celulares com areia ou tijolo dentro, em vez da placa que permite o funcionamento do aparelho, também costumam figurar entre os objetos usados nesse tipo de golpe. Observação. Segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, a estratégia utilizada consiste inicialmente na observação. "É uma ação em que o bandido observa os clientes nas lojas para ver o que eles querem comprar. Quando vê que a pessoa quer um computador, por exemplo, faz a abordagem na rua por um preço muito menor." No caso, os R$ 500 oferecidos são bem menos do que é cobrado por um laptop nas lojas - cerca de R$ 2 mil.De acordo com o delegado, o bandido "fala que está numa pior e precisa vender, que o objeto foi roubado por um amigo, e acabando levando o comprador na conversa".A ação não gera denúncias à polícia, já que o ato da compra nesse tipo de situação também é considerado delito. Trata-se de receptação, uma vez que o comprador sabe que está adquirindo um produto de um crime.A estratégia também já é conhecida fora das ruas comerciais e usada em anúncios de jornais ou pela internet. O local combinado para a compra de um falso produto é sempre um local público, e a vítima geralmente não checa o objeto que adquire.

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