18 de novembro de 2010 | 00h00
A Polícia Civil de São Paulo prendeu ontem na Rua Santa Ifigênia, um dos principais centros de vendas de eletrônicos da capital, um vendedor que tentava comercializar por R$ 500 um objeto que imitava um computador portátil, mas que na verdade tinha azulejos no interior.
O produto tinha toda a aparência de um laptop. Carcaça, tela, teclado e até adesivo do supermercado onde teria sido comprado. As peças, contudo, eram avulsas, retiradas de diferentes computadores. O adesivo era na verdade o logotipo do supermercado recortado do jornal de ofertas. Não havia placas de funcionamento internas, apenas os azulejos que serviam para dar mais peso ao objeto e enganar o comprador.
O vendedor, Renílson de Jesus Silva, de 25 anos, foi detido pelos policiais do Grupo Armado de Repressão a Roubos (Garra) quando tentava vender o objeto a um investigador. Ele vai responder por tentativa de estelionato.
A prisão foi às 13h30. Segundo a polícia, ele não tinha nenhum advogado constituído para conversar com a reportagem na noite de ontem. Outro bandido que atuava com Silva conseguiu escapar da polícia.
O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, supervisor do Garra, afirma que Silva já tem várias passagens pela polícia e estava em liberdade condicional. Um dos delitos anteriores havia sido tentar vender um objeto que imitava um videogame, mas que era preenchido com areia.
A estratégia tornou-se recorrente nas principais ruas de comércio popular de São Paulo, como a Santa Ifigênia. Telefones celulares com areia ou tijolo dentro, em vez da placa que permite o funcionamento do aparelho, também costumam figurar entre os objetos usados nesse tipo de golpe.
Observação. Segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, a estratégia utilizada consiste inicialmente na observação. "É uma ação em que o bandido observa os clientes nas lojas para ver o que eles querem comprar. Quando vê que a pessoa quer um computador, por exemplo, faz a abordagem na rua por um preço muito menor."
No caso, os R$ 500 oferecidos são bem menos do que é cobrado por um laptop nas lojas - cerca de R$ 2 mil.
De acordo com o delegado, o bandido "fala que está numa pior e precisa vender, que o objeto foi roubado por um amigo, e acabando levando o comprador na conversa".
A ação não gera denúncias à polícia, já que o ato da compra nesse tipo de situação também é considerado delito. Trata-se de receptação, uma vez que o comprador sabe que está adquirindo um produto de um crime.
A estratégia também já é conhecida fora das ruas comerciais e usada em anúncios de jornais ou pela internet. O local combinado para a compra de um falso produto é sempre um local público, e a vítima geralmente não checa o objeto que adquire.
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