Na capital paulista, 43% das pessoas trans já foram agredidas por causa da sua identidade de gênero

Levantamento inédito feito pelo Cedec em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania aponta ainda que esse percentual chega a 74% entre as que trabalham na prostituição

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Por João Ker
Atualização:

Pelo menos 43% das pessoas transexuais que moram na capital paulista já sofreram algum tipo de agressão física motivada pela discriminação contra a sua identidade de gênero. Entre as mulheres trans e travestis que trabalham ou trabalharam na prostituição (43%), esse índice chega a 74%, segundo levantamento inédito realizado pelo Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) e pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) e publicada nesta sexta-feira, 29, Dia Nacional da Visibilidade Trans.

A pesquisa ouviu mais de 1,7 mil pessoas trans que residem na capital paulista e, de acordo com os dados, as agressões físicas e verbais acontecem com mais frequência na rua e na escola. Ainda em dezembro, reportagem do Estadão apontou que sete em cada dez alunos LGBTI+ não se sentiam seguros para assumirem a sexualidade ou identidade de gênero durante a vida escolar. 

A pesquisa ouviu mais de 1,7 mil pessoas trans que residem na capital paulista Foto: GABRIELA BILO/ESTADAO

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“Precisamos garantir os direitos humanos, mas essa é uma pauta transversal, então temos de fazer uma articulação com as outras secretarias, não só no município, mas no Estado também”, defende Mansur Bassit, coordenador de políticas LGBTI da SMDHC. Um dos dados que ele aponta como decisivo para a elaboração de políticas públicas voltadas a essa população é a de que 37% dos transexuais paulistanos já teriam o ensino médio completo. 

Bassit explica que um dos principais focos da Secretaria agora será garantir o ingresso de transexuais no ensino superior. O Transcidadania, um dos principais programas de apoio à essa população, foi criado em 2008, no governo Fernando Haddad (PT), e oferece bolsas de R$ 1.097,25 para pessoas trans e travestis que estiverem matriculadas e com frequência regular em escolas. No início deste ano, a gestão Bruno Covas (PSDB) dobrou o número de vagas para 510. 

“Queremos continuar com o Transcidadania para as pessoas mais vulneráveis, mas também ampliar essas políticas para oferecer vagas em uma universidade ou curso técnico, para que a população esteja mais capacitada para uma vaga de trabalho”, promete Bassit, que ainda analisa se o formato mais apropriado seria por meio de parcerias com o setor privado, bolsas de estudo ou algum modelo novo.

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