Museu reabre com história do Bexiga e do carnaval

Local abriga objetos do compositor Adoniran Barbosa, sapatos da Carmen Miranda, fantasias e adereços da escola de samba Vai-Vai

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Por Gilberto Amendola
Atualização:
Desde 2008, parte do acervo estava guardada na Galeria do Rock, no centro Foto: Tiago Queiroz/Estadão

É o começo do processo. Queremos devolver o espaço para a comunidade, com atividades, oficinas e exposições. Agora estamos mais perto de tudo isso

Diego Rodrigues Vieira, Diretor do espaço

Objetos e documentos contam a história do bairro Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Material da vizinhança.

Baseado na experiência de um dos primeiros museólogos brasileiros, Júlio Abe Wakahara, responsável pelo chamado Museu de Rua (exposições em espaços públicos que contavam a história dos bairros e seus moradores), Armandinho também começou a coletar “material” dos vizinhos e amigos. “Armandinho dizia que quando alguém morria no Bexiga os parentes costumavam jogar tudo fora. A ideia dele era recuperar a memória perdida do bairro”, diz a presidente da associação Museu Memória do Bexiga, Vera Rodrigues.  Mas, como o casarão estava ocupado de forma irregular, começaram os problemas. No início dos anos 90, no governo Fernando Collor de Mello, a União tentou reaver o imóvel. E ele só não foi perdido graças a habilidade política de Armandinho.  Na época, o idealizador do museu descobriu que a mãe da então toda poderosa ministra Zélia Cardoso de Mello, Auzélia Martoni Cardoso de Mello, tinha descendência italiana. “Armandinho bolou uma homenagem para a mãe da Zélia. Foi uma ideia genial. A própria ministra compareceu e se divertiu muito”, afirma Santiago. Pode ser coincidência, mas após a visita e a homenagem, não se falou mais em o museu deixar o casarão.

Museu tem objetos do compositor Adoniran Barbosa, Carmen Miranda e da Escola de Samba Vai-Vai Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O processo para devolver o prédio ficou adormecido até o governo Fernando Henrique Cardoso - quando o imóvel passaria para a Polícia Federal. “Queriam que aqui fosse a sede da Interpol. Pode uma coisa dessas?”, brinca Augustinis. Tudo parecia rumar para um final feliz. Mas, em 1994, Armandinho morreu de câncer no pâncreas. O museu ficou abandonado, os problemas financeiros se acumularam e o casarão foi, mais uma vez, invadido. Só a partir de 2015, a associação reassumiu o lugar e, aos poucos, com eventos esporádicos, amadureceu a ideia de uma reabertura. Hoje, o grupo que administra o museu tem a posse provisória do casarão e os trâmites para aquisição definitiva estão em andamento. Para Vieira, o que está ocorrendo agora é só o começo.

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