04 de março de 2013 | 02h06
No coração do bairro de Campos Elísios, região central de São Paulo, o casarão histórico que abriga o Museu da Energia de São Paulo está prestes a ganhar um irmão caçula: no segundo semestre deve começar a ser construído um moderno prédio anexo, sustentável e high-tech, com custo estimado em R$ 12 milhões.
O novo edifício vai abrigar o Núcleo de Documento e Pesquisa da Fundação Energia e Saneamento - instituição que administra os cinco museus da energia paulistas. Atualmente, todo o acervo está guardado em um galpão no bairro do Cambuci, também na região central.
São milhares de itens, como fotografias - entre elas, cerca de 600 originais do suíço Guilherme Gaensly (1843-1928), um dos pioneiros a fotografar São Paulo -, objetos e maquinários relacionados a energia e saneamento e documentos. Há luminárias antigas e os primeiros medidores de energia elétrica, centenas de negativos de vidro e 15 mil imagens estereoscópicas - que, na primeira metade do século 20, possibilitava ver uma foto em 3D.
Trazer o acervo que está no Cambuci para perto do casarão era sonho antigo da administração da instituição. "Entendemos que, com isso, toda essa riqueza documental se torna mais acessível", conta a arquiteta Mariana Rolim, superintendente da fundação.
Hoje em dia, para consultar o acervo como um todo, é preciso agendar com antecedência. Já o museu organiza exposições temporárias com uma parte desse material.
Melhorias. Além do acervo do núcleo, o novo prédio também terá um auditório para eventos, espaço para o setor administrativo - que hoje ocupa o casarão vizinho ao principal -, auditório para eventos, uma cafeteria para os visitantes e um novo espaço expositivo. Com o casarão vizinho também desocupado, o Museu da Energia passa a ter, portanto, três espaços para exposições em um mesmo complexo.
"Será fantástico. Poderemos pensar em eventos mais abrangentes e, certamente, vamos atrair mais público", explica Mariana. "Sabemos que a própria abertura completa do arquivo vai atrair mais público ao museu", aposta a superintendente da Fundação Energia e Saneamento.
A previsão é que as obras comecem até o fim do ano e levem 14 meses. O custo será bancado por um pool de patrocinadores. Outro desafio da atual administração é digitalizar completamente o acervo. A expectativa é conseguir fazer isso ainda em 2013 - para tanto, alguns parceiros estão sendo consultados.
História. O casarão que hoje abriga o Museu da Energia foi construído em 1894, pela família Santos Dumont. Ali morou o irmão do aviador, Henrique Santos Dumont, e sua família. Mais tarde, o prédio abrigou o Colégio Stafford e a sede da Sociedade Pestalozzi. O imóvel ao lado, hoje ocupado pela administração do museu, é de 1927 - período do colégio. Ambos são tombados como patrimônio histórico.
No início dos anos 1980, o casarão foi ocupado por moradores de rua - situação que durou até 2001. As obras para a criação do museu foram concluídas em 2005, quando a instituição foi aberta ao público.
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