
23 de julho de 2013 | 02h06
Foram horas de espera, de busca pelo melhor lugar, de vigília em pé e ansiedade, mas eles fariam tudo de novo. Os milhares de brasileiros e estrangeiros que lotaram as ruas do centro do Rio para ver o primeiro papa latino-americano comemoraram a rápida passagem do papamóvel pela região e se emocionaram mesmo com os poucos segundos de aceno do papa Francisco.
"Foi muito emocionante. Vimos o papa João Paulo II em 1997, no Rio Comprido (zona norte do Rio). A energia é muito boa. É bom para dar uma acalmada nos ânimos da cidade. Trabalho aqui perto e hoje o que a gente vê aqui é um clima diferente", disse a advogada Ângida Maria, de 60 anos, referindo-se aos protestos de junho na Avenida Rio Branco.
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Sorte maior teve outra advogada, Maria do Carmo Freire Miranda, de 40 anos. Ela aproveitou uma das paradas do papa pela via para furar o bloqueio de seguranças e se aproximar do sumo pontífice. Maria do Carmo fazia parte do cordão de isolamento que continha a multidão na calçada, mas, com a proximidade de Francisco, deixou o grupo e correu em direção ao papamóvel. Os seguranças tentaram contê-la, mas o papa a chamou de volta e beijou sua mão. A advogada ficou muito emocionada. Ela pulava e abraçava desconhecidos.
"Ele me chamou, ele me chamou! Eu peguei na mão do papa!", gritava a baiana de Iguaí, que mora no Rio.
Muitos peregrinos percorreram milhares de quilômetros para viver um momento como esse. A família Barbosa, de Manaus, viajou mais de 2,8 mil quilômetros - isso depois de economizar com afinco. "Vendemos pizza, pipoca, montamos barraca de lanches, tudo para arrecadar dinheiro para a viagem", contou a filha Taylla Larissa, de 15 anos. Um esforço que, segundo eles, valeu a pena. "A emoção foi tanta que as imagens da filmagem ficaram todas tremidas. Estava nervosa e emocionada ao mesmo tempo. É uma pena, mas a lembrança vou guardar para sempre", disse a mãe, Elisângela Leite, de 35 anos.
Os estrangeiros também eram numerosos. A maioria era latino-americana e, de tempos em tempos, eles gritavam o nome de seu país com empolgação. Enrolado em uma bandeira do Peru, o fotógrafo Richard Vargas, de 33 anos, ressaltou que, para ele, o principal atrativo da Jornada é o convívio com outras culturas.
"É muito gostoso encontrar estrangeiros, são outras histórias, outras vidas, todo jovem do interior merece vivenciar isso para saber que o mundo é muito grande."
Também muito marcante no passeio do papa foi a presença de grupos de religiosos católicos. Monges, seminaristas, irmãs e padres de várias partes do País viajaram ao Rio para participar da Jornada e ver o pontífice. Uma turma de 11 freis de carisma franciscano da Fraternidade Toca de Assis, de Londrina (PR), tentava levantar um deles para o alto de uma árvore na Rio Branco para fotografar o papa. "É um dia especial, maravilhoso. E todo esse povo aqui reunido mostra a força da Igreja", comentou o irmão Augustinho do Verbo Encarnado.
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