MPL divulga trajeto de ato, mas SSP rejeita caminho proposto

Segundo a Secretaria, percurso divulgado impede a realização de manifestações marcadas para os mesmos locais

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - O Movimento Passe Livre (MPL) divulgou, por volta das 15 horas desta quinta-feira, 21, o trajeto do 5º ato que será realizado a partir das 17 horas na capital paulista. A Secretaria da Segurança Pública (SSP), no entanto, rejeitou o caminho apresentado pelo MPL porque outro protesto está sendo realizado nos locais informados pelo movimento.

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Segundo a proposta do MPL, o ato partiria do Terminal Parque Dom Pedro, na região central de São Paulo, e chegaria à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Do terminal, os manifestantes seguiriam pela Rua General Carneiro e Rua Boa Vista, até chegar à Secretaria Municipal de Transportes.

De lá, pegariam a Libero Badaró e o Viaduto do Chá, chegariam à Praça Ramos de Azevedo, pegariam a Rua Conselheiro Crispiniano, a Avenida São João, a Avenida Ipiranga, a Avenida São Luis e chegariam à Câmara Municipal de São Paulo. Depois, seguiriam pela Rua Asdrúbal do Nascimento e pela Avenida 23 de maio, até chegar à Assembleia Legislativa de São Paulo.

Segundo a SSP, entretanto, o caminho proposto pelo MPL não será possível "porque há outro protesto que está sendo realizado no Viaduto do Chá, na Câmara Municipal e na Avenida 23 de Maio, pelos motoristas de vans escolares".

A Secretaria diz ainda que "diante disso, o trajeto possível a ser realizado será: Terminal Parque Dom Pedro, Rua General Carneiro, Rua Boa Vista, Rua Líbero Badaró, Vale do Anhangabaú, Avenida São João, Avenida Ipiranga e Praça da República".

De acordo com a SSP, a alteração é necessária, "uma vez que a Constituição Federal não autoriza que manifestação posterior frustre outra reunião anteriormente convocada para os mesmos locais".

Relembre os protestos anteriores:

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1º ato. Em 8 de janeiro, o grupo se reuniu no Teatro Municipal, na região central, e caminhou em direção ao Corredor Norte-Sul. Uma linha de frente formada por mascarados black blocs abriu caminho aos manifestantes. A PM estimou que 3 mil pessoas participaram. Ao passar o Vale do Anhangabaú, os ativistas tomaram a pista sentido zona norte do viário. O protesto seguia pacífico até que os black blocs pularam para o outro lado da avenida, bloqueando o tráfego de veículos.

A chamada "Tropa do Braço", que acompanhava de perto o ato, reagiu. A PM atirou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, enquanto os mascarados respondiam com pedras, garrafas e bombas caseiras. O ato terminou com três policiais feridos, 17 manifestantes detidos, além de ônibus da Prefeitura e carros da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) depredados.

No dia, a PM disse ter prendido um jovem que supostamente portava um explosivo caseiro. No entanto, imagens divulgadas em redes sociais fizeram com que a Justiça mandasse soltar o manifestante, já que o vídeo mostrava policiais tirando a bomba que estava na calçada e colocando na bolsa dele.

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Um PM do serviço reservado da corporação chegou a ser linchado por manifestantes. Um dos agressores era filho de um policial. Como o fato também foi gravado e divulgado nas redes sociais, o próprio pai entregou o filho à polícia.

2º ato. A manifestação de 12 de janeiro começou na Praça do Ciclista, no encontro da Rua da Consolação com a Avenida Paulista, na região central. O dia foi marcado pelo impasse entre manifestantes e Polícia Militar. O MPL queria descer a Avenida Rebouças para chegar ao Largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste. A PM proibiu o trajeto, cercou a concentração do ato e exigiu que os manifestantes seguissem o caminho preparado pela corporação, que ia da Rua da Consolação até a Praça da República.

O Passe Livre resolveu manter o trajeto. Enquanto o membro do MPL Mateus Preiss informava o comandante da operação, a PM começou a atirar bombas. Em seis minutos de repressão policial, pelo menos 40 artefatos do Choque explodiram entre os manifestantes que estavam sem rota de fuga. Levantamento do Estado apontou que a PM atirou uma bomba a cada sete segundos.

Pequenos grupos de manifestantes se distribuíram por bairros do centro de São Paulo. Pela primeira vez, a região nobre de Higienópolis conviveu com bombas da PM e sacos de lixo queimados por mascarados. O ato terminou com 24 pessoas feridas, oito detidas e nenhum policial machucado.

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Durante a noite, o secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, elogiou a ação da PM e disse que era a corporação quem iria determinar os caminhos que os manifestantes deveriam seguir, criticando a falta de aviso prévio dos trajetos de interesse do MPL. Enquanto isso, o Passe Livre marcava um ato para a próxima semana.

Preparação. No dia seguinte ao segundo protesto, entidades de Direitos Humanos criticaram a postura da PM. Segundo elas, a polícia impediu o ato de começar. A Secretaria Estadual de Segurança Pública e o Ministério Público Estadual convidaram os integrantes do MPL para comparecer a reuniões. Os ativistas recusaram os convites, criticaram a postura da PM e disseram que os diálogos com o poder público deveriam ser feitos com as pastas de Transportes dos gestões Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB).

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3º ato. O Passe Livre marcou atos em lugares diferentes em 14 de janeiro: um no Largo da Batata e outro no Teatro Municipal. Após o segundo protesto não ter começado sob a alegação do poder público de que o MPL não informou o trajeto, os ativistas divulgaram os itinerários com algumas horas de antecedência. A PM aprovou e acompanhou. As marchas foram pacíficas em sua maior parte.

Após o tradicional jogral do MPL, manifestantes invadiram as Estações Consolação e Butantã do Metrô. Na primeira, houve depredação e confronto. Na segunda, a ViaQuatro, responsável pela Linha 4-Amarela, liberou as catracas para um grupo de manifestantes que ficou sentado dentro da estação.

4º ato. A passeata de 19 de janeiro teve dois destinos diferentes para o grupo que se concentrou no cruzamento das Avenidas Brigadeiro Faria Lima e Rebouças: uma parte foi à sede da Prefeitura, no centro, e outra, ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, no Morumbi, zona sul. O MPL divulgou os trajetos com algumas horas de antecedência.

O ato recebeu o apoio de estudantes que ocuparam, no fim do ano passado, escolas estaduais contra o plano de reorganização da rede.O clima entre os estudantes era diferente da tensão entre os black blocs, que, novamente, formaram a linha de frente das passeatas. No fim da manifestação, no centro, uma agência bancária foi depredada e lixo foi queimado em um princípio de tumulto.

Policiais militaresdispersam manifestantes na Avenida Paulista com gás lacrimogêneo durante o segundoato do Movimento Passe Livrecontra o aumento da tarifa, em 12de janeiro Foto: Gabriela Biló/Estadão