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MPE vai investigar eventos religiosos

Liberação de festas com alta concentração de fiéis em vias de SP entra na mira da Promotoria por gerar impacto negativo no trânsito

Foto do author Adriana Ferraz
Por Adriana Ferraz e Artur Rodrigues
Atualização:

Depois de mover ação civil contra a Prefeitura de São Paulo pela liberação do Estádio do Pacaembu durante a comemoração, no ano passado, dos cem anos da Assembleia de Deus, o Ministério Público Estadual abriu investigação para apurar a realização de eventos religiosos em vias públicas. O foco é limitar grandes encontros, que causam congestionamento e excesso de ruído.Amanhã, a partir das 10h, a Igreja Mundial do Poder de Deus faz o Dia do Grande Desafio na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte. A organização espera até 1 milhão de pessoas. A Avenida Santos Dumont será interditada hoje às 22h para montagem do palco. Até a Ciclofaixa de Lazer da zona norte será parcialmente fechada.Para o promotor de Justiça Mauricio Antonio Ribeiro Lopes, eventos como o de amanhã não podem ser regra. "Vamos ceder espaço público todos os dias para uma determinada religião? Neste fim de semana, por exemplo, já teremos a Virada Cultural. É muita coisa." Em janeiro, na inauguração de um templo em Guarulhos, centenas de ônibus provocaram congestionamento de 8 km na Via Dutra e prejudicaram quem ia para o Aeroporto de Cumbica.A liberação de espaços municipais para a realização de festas religiosas entrou na mira do Ministério Público em agosto do ano passado, quando o prefeito Gilberto Kassab (PSD) autorizou a Igreja Universal a usar o Pacaembu. Em novembro, foi a vez de a Assembleia de Deus reunir mais de 30 mil pessoas no estádio. Ambas as denominações evangélicas, assim como a Mundial, são aliadas da Prefeitura.Kassab diz que não houve irregularidades durante o centenário da Assembleia de Deus no estádio. "A legislação permite a utilização do Pacaembu para eventos. O importante é que as regras sejam respeitadas. E foram", afirmou. Segundo Kassab, a Prefeitura apresentará à Justiça "suas razões" para ter liberado a festa. Já o Ministério Público afirma que houve excesso de ruído, comprovado em quatro laudos. Ontem, o prefeito voltou a defender a realização de encontros não esportivos no Pacaembu. "Só falta alguém achar que o Pacaembu não pode ter eventos."

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