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Motoboys são minoria entre os mortos

De 278 vítimas, 30% eram motofretistas e o restante era formado por estudantes e trabalhadores que usavam o veículo para transporte

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Por Redação
Atualização:

Contrariando o senso comum de que um motociclista caído na rua certamente é um motoboy, o relatório da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) aponta que 30% dos mortos nos acidentes envolvendo esse tipo de veículo são motofretistas. Ou seja, a maior parte das vítimas é de estudantes e trabalhadores que usam a moto para transporte.Segundo o relatório, 278 dos motociclistas mortos em 2009 tiveram sua profissão identificada. Desse total, 52 eram motoboys e 18, vendedores ou autônomo, o que pode indicar o uso das motos para trabalho. Os demais são, por exemplo, estudantes (42), ajudante (37), garçons (9), pedreiros (6) e porteiros (8). Os especialistas atribuem os casos à facilidade para se comprar motos atualmente, com preços baixos e longos parcelamentos oferecidos pelas revendas. "São pessoas que trabalham longe do serviço. Com a moto, fica mais fácil se deslocar. Por isso houve esse grande aumento na quantidade de motociclistas mortos", diz Kátia Campos dos Anjos, assistente social do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas e uma das pesquisadoras responsáveis por um trabalho sobre motociclistas acidentados. "São pessoas que levavam duas horas e meia de ônibus e que hoje vão para o trabalho em 40 minutos", diz.O estudo realizado no HC aponta que, em 2004, os motofretistas eram 51% dos casos de internação por causa de acidentes com motos. Na edição do estudo neste ano, esse índice caiu para 31%. "Não sei se diminuiu porque são menos motoboys acidentados. Mas é certo que hoje há mais motociclistas que usam a moto como meio de transporte", diz Kátia. Despreparo. A grande quantidade de "novos" motociclistas também é apontada pelos profissionais pela grande participação das motos nas colisões. "Hoje, os motoboys precisam fazer os cursos da Prefeitura e os regulamentados pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Os outros motociclistas estão despreparados e andam pelas vias perigosas", diz o presidente do Sindimotos, Aldemir Martins, que representa os motoboys. Perfil. O relatório da CET mostra que os motociclistas mortos são predominantemente jovens. Foram 428 vítimas no ano passado - 254 tinham entre 18 e 29 anos. Somente nessa faixa de idade os motociclistas estão em primeiro no ranking dos mortos em acidentes de trânsito - nas demais, são os ocupantes de automóveis. Após os 30 anos, o número de motociclistas mortos cai à medida em que a idade aumenta: na faixa de 30 a 39 anos (106), de 40 a 49 (31), de 50 a 59 (9). Chama a atenção o fato que 26 condutores tinham entre 10 e 17 anos, idade insuficiente para tirar a Carteira Nacional de Habilitação. Do total de motociclistas mortos, 401 eram homens e 27, mulheres. / RENATO MACHADO

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