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Mortes poderiam ter sido evitadas, diz Crea

Relatório feito três dias após tragédia na região serrana aponta desrespeito à legislação ambiental na região

Por Pedro Dantas
Atualização:

Ao apresentar o relatório preliminar da inspeção na região serrana do Rio, o presidente do Conselho Regional de Arquitetura, Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro, disse que 80% das mortes seriam evitadas caso as prefeituras respeitassem a legislação ambiental do País. Até o início da noite de ontem, a pior catástrofe da história registrava 832 mortos."Técnicos apuraram que o desmatamento fez a velocidade da cabeça d"água atingir mais de 100 km/h em alguns trechos", afirmou. O documento lembra que a ocupação dos morros com inclinação maior de 45° é crime ambiental, porque são considerados Áreas de Preservação Permanente e recomenda a retirada da população desses locais.Além do diagnóstico, o Crea-RJ sugere um conjunto de obras de baixo custo para evitar a repetição da tragédia. "São intervenções simples nas encostas e pequenas barragens no alto dos rios para controlar a velocidade e o volume das águas", disse.O documento enfatiza que são necessários o reflorestamento dos morros e a recuperação da vegetação nas margens dos rios. As inspeções foram realizadas nos três dias seguintes à tragédia. O diagnóstico sobre as possíveis causas aponta que as chuvas tiveram uma magnitude maior do que o normal, mas o presidente do Crea-RJ refutou a tese de desastre natural pelo excesso de chuva. "Isso é um desserviço à população. Se o poder público tivesse removido os moradores das áreas de risco não teríamos esse número de mortos."Sobre os deslizamentos das encostas, o relatório aponta que a população afetada morava em um terreno de "alta inclinação" e, por isso, os deslizamentos ocorreram até nos casos em que a vegetação estava preservada. As moradias nas margens dos rios também foram consideradas agravantes. O documento cita ainda a inexistência de plano de contingência de cheias.

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