Morte de juíza faz MP pedir a prisão de 28 PMs no Rio

Também foi solicitado o afastamento deles e de mais seis agentes; todos respondem a processos por homicídio

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Por Bruno Boghossian
Atualização:

Em resposta ao assassinato da juíza Patrícia Acioli, dia 11 de agosto, o Ministério Público do Rio pediu a prisão de 28 policiais militares. Eles são parte do grupo de 34 PMs que os promotores pediram que fossem afastados. Todos respondem a processos por homicídio na 4.ª Vara Criminal de São Gonçalo, que era comandada pela magistrada. A maior parte dos agentes é acusada de forjar autos de resistência (mortes em confronto com a polícia) para encobrir assassinatos praticados por grupos de extermínio ou milícias. O objetivo dos promotores é tirar das ruas os policiais acusados de colaborar com essas quadrilhas - suspeitas de envolvimento na execução de Patrícia. O pedido do MP, no entanto, não significa que existam provas sobre a participação desses policiais no assassinato. Os 28 agentes já haviam tido a prisão requerida pelo MP no passado, mas ainda não tiveram o pedido analisado ou permanecem soltos por habeas corpus. Os requerimentos serão avaliados pelos juízes da 4.ª Vara Criminal de São Gonçalo, comandada pelo juiz Fábio Uchôa. Se os pedidos de afastamento forem aceitos pela Justiça, os policiais entregarão suas armas e identidades funcionais, mas cumprirão a punição nos quartéis. "Com o afastamento cautelar, esses policiais ficam fora das ruas até que seus processos sejam julgados", disse o procurador-geral de Justiça do Rio, Cláudio Lopes. Segundo ele, o pedido de afastamento tem o objetivo de desarticular parte das milícias e grupos de extermínio da região. "Se alguém pensou que esse assassinato iria intimidar a Justiça, devemos dar uma resposta efetiva no sentido contrário", disse Lopes. Apenas 60% dos processos contra policiais que estavam sob responsabilidade de Patrícia foram analisados pelos promotores. O restante será avaliado nas próximas semanas e poderá resultar em mais pedidos de prisão e afastamento. O promotor Paulo Roberto Mello Cunha, que se tornou amigo da juíza, é um dos responsáveis pela força-tarefa do MP que analisou os casos que seriam julgados por Patrícia. A Polícia Militar informou que vai aguardar a decisão da 4.ª Vara Criminal, antes de se manifestar sobre o pedido do MP.

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