01 de março de 2013 | 02h02
A polícia pretende usar imagens de câmeras de segurança de imóveis da Avenida Europa, nos Jardins, zona sul de São Paulo, para identificar o responsável pela morte do empresário João Alberto de Camargo Cardoso, de 70 anos. Baleado com três tiros por um motoqueiro que entrou em sua imobiliária anteontem de manhã e roubou seu relógio de luxo, avaliado em R$ 177 mil, ele morreu ontem de manhã.
O delegado Valter Sérgio de Abreu, do 15° DP (Itaim-Bibi), diz trabalhar com três linhas de investigação. "O mais provável é que tenha sido um latrocínio. Mas não podemos excluir outras possibilidades. Existe uma hipótese de estarmos lidando com um homicídio encomendado, no qual o assassino aproveitou para roubar, ou até com um sequestro relâmpago."
O corpo de Cardoso foi enterrado ontem à tarde no Cemitério do Morumby, também na zona sul. Amigos da família disseram que parentes mais próximos estavam em choque e não tinham condições de falar sobre o crime. As filhas do empresário pretendem se manifestar por meio de carta nos próximos dias, segundo o advogado Eduardo Vaz, que disse ainda que a vítima colecionava relógios e canetas de luxo.
Câmeras mostram o empresário chegando ao escritório por volta das 10h15. A vítima usou a buzina várias vezes para liberar a passagem e conseguir estacionar seu carro, um Mercedes CLS 350 blindado. A recepcionista da imobiliária Esquema relatou à polícia que Cardoso demonstrava nervosismo. Ele estava pálido e apressado. Isso sugere, segundo a polícia, que ele tinha sido abordado no trânsito ou notado que era seguido.
Na sequência, o suspeito parou a moto do outro lado da avenida. Desceu e atravessou a rua com a arma em punho. O homem entrou na imobiliária, passou por clientes e funcionários e procurou a sala para onde Cardoso tinha ido.
Testemunhas contaram que ele pediu o relógio duas vezes. Como o empresário não quis entregar, o assaltante tentou arrancá-lo à força. A vítima se esquivou e foi baleada no braço, no tórax e no rosto.
O assassino deixou o prédio andando calmamente, ainda de acordo com testemunhas. "Essa atitude do ladrão não é nada habitual. Ele estava sozinho e assumiu um risco grande ao atravessar a rua com a arma na mão e ao entrar na imobiliária, onde poderia encontrar seguranças e a própria vítima armados", afirma o delegado.
Também chamou a atenção do policial o fato de a vítima ter saído de um carro blindado, onde estaria segura.
Reação. Funcionários da imobiliária disseram não conhecer o assassino. O delegado espera ouvir a família da vítima para tentar entender por que Oliveira não quis entregar seu relógio. "A reação dele foi o oposto do que é aconselhado pela polícia nesses casos, que é 'não reaja'."
Investigadores ainda procuram imagens das ruas por onde o empresário costumava passar diariamente para confirmar se o motoqueiro já o havia abordado.
A imobiliária Esquema foi fundada há 41 anos e é especializada em venda e locação de empreendimentos de luxo em bairros nobres de São Paulo.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.