Moradores reclamam de trânsito e pouco verde na Faria Lima

Em 10 anos, Operação Faria Lima resultou em mais de 600 mil m² de novos imóveis

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Por Diego Zanchetta e Rodrigo Brancatelli
Atualização:

Nos últimos dez anos, a Prefeitura de São Paulo já arrecadou R$ 1,1 bilhão com venda de títulos da Operação Urbana Faria Lima, o que resultou na construção de 624.042 metros quadrados de novos empreendimentos residenciais e comerciais. Só na Vila Olímpia, na zona sul da capital paulista, por exemplo, foram 27 prédios. Com os novos leilões, a Prefeitura planeja agora cumprir velhas promessas e reinvestir o valor em obras no Largo da Batata e na Avenida Juscelino Kubitschek.A ideia é revitalizar ruas no entorno da Estação Faria Lima do Metrô, em Pinheiros, e criar o Bulevar JK - passagem subterrânea de 1.300 metros planejada para facilitar o tráfego entre a Avenida 23 de Maio e o Morumbi. Para moradores da região, no entanto, as ações estão longe de criar soluções para os problemas do adensamento e os constantes congestionamentos dos bairros. "Se você permitir ainda mais a verticalização, vai acabar com a qualidade de vida", diz Helcias de Pádua, integrante da associação de moradores do Itaim-Bibi. "Já estamos no limite do trânsito e de um ambiente melhor. Toda a área aqui é pobre em concentração vegetal, pobre em permeabilidade do solo. Não dá mais para liberar prédio com quatro subsolos e 6 mil vagas na garagem."Plano Diretor. Essa a segunda operação urbana que o prefeito Gilberto Kassab (sem partido) tenta alterar por meio de lei em menos de um ano. Em julho, com apoio de 40 dos 55 vereadores, ele mudou a Operação Urbana Água Espraiada para construir na região um túnel de R$ 3 bilhões e 2,4 quilômetros. A proposta também autorizou a remoção de 16 favelas, onde moram 10 mil famílias. "Parece que o prefeito não escuta o clamor por uma cidade com desenvolvimento um pouco mais sustentável. São liberados novos estoques de prédios sem um Plano Diretor que possa ordenar esse crescimento. Daqui a pouco a Faria Lima vai parecer a Avenida Giovanni Gronchi, que cresceu sem receber qualquer contrapartida. Hoje para sair ou entrar no Morumbi é um inferno. O trânsito não anda", comparou o vereador Aurélio Miguel (PR).Moradias menores. Presidente do diretório municipal do PT, o também vereador Antonio Donato pondera que a Prefeitura não está errada em levar mais moradores a uma área bem servida de transportes. "Mas o problema é a construtora que vai comprar Cepacs para construir apartamento de 400 m² com sete vagas de garagem, onde vão morar cinco pessoas. O correto seria incentivar moradias menores, de até 70 m², perto das estações do Metrô", avalia o petista.

 

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