Moradores de Paraisópolis criticam operação policial

Eles alegam que ações pontuais não resolvem os problemas da comunidade localizada na zona sul de São Paulo

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Por William Cardoso
Atualização:

Texto atualizado às 20h18.

 

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SÃO PAULO - Moradores de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, ficaram surpresos com a operação policial realizada na manhã desta segunda-feira, 29, e criticaram o fato de ninguém ter sido informado sobre os motivos da presença ostensiva do batalhão de choque no bairro. Segundo eles, ações pontuais não resolvem os problemas da comunidade e geram mais insegurança para quem vive no local.

Líder comunitário, Gilson Rodrigues afirmou que a Operação Saturação é, na prática, uma ocupação, e que os moradores foram acordados com a polícia na porta sem saber o porquê. "Todas as operações sempre foram assim. A única diferente seria a Virada Social, de 2009, quando recebemos 123 promessas, mas que nunca foram cumpridas integralmente", disse. Entre os projetos estavam a construção de mais um CEU, de Creas, Cras, CIC (Centro Integrado de Cidadania), um parque, uma escola de música e um clube escola. "Vamos sair de uma ação pontual e esperar pela próxima", completou.

Apesar da presença ostensiva da PM, os serviços essenciais funcionaram normalmente na comunidade. No início da tarde, diretoras de escolas e de outras unidades do serviço público procuravam lideranças comunitárias para saber se deveriam permanecer com as portas abertas. "Na medida em que as organizações nos procuram, informamos que é para manter tudo funcionando. Esperamos que a Secretaria de Segurança Pública diga para a gente o que é que está acontecendo", disse Rodrigues.

Segundo ele, a rádio local está aberta às autoridades para uma explicação sobre o que está sendo feito. "Estou surpreso pelo fato de o secretário ter vindo até o bairro e não ter conversado com a comunidade." Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o secretario Antonio Ferreira Pinto apenas passou pela comunidade de manhã em uma viatura em meio a operação e não teve a oportunidade de conversar com os moradores.

Rodrigues contou também que não ocorreu nenhum fato novo nos últimos dias que justificasse uma intervenção policial dessa magnitude. Pelas ruas do bairro, a presença de policiais a cavalo e também fortemente armados causou estranheza. Até o início da noite, porém, nenhum estabelecimento comercial havia fechado as portas e a rotina seguia dentro da normalidade, apesar do aparato policial. Também não houve toque de recolher até as 18h.

A presidente do Conselho de Segurança (Conseg) do Morumbi, Júlia Titz de Rezende, afirmou que é fundamental um "posicionamento mais firme da PM" no combate à criminalidade e por isso apoia a ação em Paraisópolis. "A operação é muito bem vinda, porque sempre traz mais tranquilidade aos moradores. O que a gente tem visto é um atrevimento muito grande dos bandidos. Eles não temem mais nada."

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Segundo Júlia, a ação da polícia é boa inclusive para moradores de Paraisópolis. "Tenho certeza de que muitas pessoas que são residentes da favela veem com bons olhos, porque também são vítimas e muitas vezes não podem falar nada." A presidente do Conseg disse que a ação já era esperada. "Normalmente, a gente sempre pede para que haja um reforço. Sabia que existia a intenção de se fazer, mas não a data correta, até pelo fator surpresa. É uma estratégia da polícia."

A SSP informou que a PM espera contar com o apoio da comunidade na operação e disse que a ideia é não prejudicar o dia a dia dos moradores.

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