A chuva da última sexta-feira fez uma mistura de esgoto, lama e entulho correr dentro da casa do ajudante de limpeza Manoel Francisco de Souza, de 41 anos. “Eu não sei o que é pior: deixar de fazer as obras necessárias ou fazer pela metade”, disse Souza. Ele mora no Jardim Prainha, às margens da Represa Billings, na zona sul, e convive com obras inacabadas em meio a áreas desapropriadas que voltaram a ser ocupadas.
“Ninguém mora aqui porque quer. É manancial, a gente tenta respeitar, mas também precisa de recursos como rede de esgoto. Não dá para jogar tudo nas costas da população, dizendo que somos nós que sujamos”, afirmou o ajudante de limpeza.
O esgoto, que tanto incomoda, também contamina os reservatórios – a ponto de a Billings, hoje, não poder ser usada para o abastecimento.
Por causa da sujeira, o pedreiro Mizael Aparecido da Silva, de 26 anos, faz planos para sair do Jardim Prainha ainda neste ano. “Tudo me incomoda aqui, mas foi a região que sobrou para a minha família viver”, disse.
Críticas. No bairro vizinho Cantinho do Céu, o mecânico Juaci Gonçalves dos Santos, de 46 anos, critica parte das obras que a Prefeitura fez na região. “Não adianta asfaltar a rua pela metade, colocar só parte da tubulação do esgoto e considerar isso como pronto.”
Ele conhece todos os córregos de esgoto clandestino que são lançados na represa. Além de obras pela metade, há também áreas que já tinham sido desapropriadas pela Prefeitura e que voltaram a ser ocupadas. “Vou construir minha casa aqui”, afirmou um homem que preferiu não se identificar. Antes de começar a levantar sua residência, porém, ele precisou retirar os entulhos que a Prefeitura deixou de parte do projeto de recuperação de mananciais que não foi concluída.
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