PUBLICIDADE

Moradores começam a sair de condomínio com rachaduras na zona sul

Viaturas da Guarda Civil Metropolitana estavam paradas na frente do condomínio para evitar que famílias voltassem ao local

Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

SÃO PAULO - As famílias de moradores do conjunto habitacional Guarapiranga, no Jardim Santa Efigênia, zona sul de São Paulo, começaram a deixar o imóvel na manhã desta quinta-feira, 18. Embora a decisão judicial determinasse que todos os 150 moradores deixassem o prédio nesta quinta, a Prefeitura acordou saída escalonada com eles, que deverão deixar o local aos poucos até o sábado, 20.

PUBLICIDADE

Tomado por rachaduras e sob risco de desabamento, o conjunto habitacional, construído pela Prefeitura em 2003, está interditado desde março pela Defesa Civil. O prédio foi construído para abrigar famílias que moravam em uma favela onde hoje fica o Terminal Guarapiranga. 

Duas viaturas da Guarda Civil Metropolitana estavam paradas na frente do condomínio, no início da tarde, para evitar que as famílias que saíram voltassem ao local. O destino dos moradores é incerto - alguns foram para casa de parentes ou de amigos. A Prefeitura afirmou que designará um abrigo temporário em um centro esportivo no bairro Santo Amaro, com colchões, cobertores e comida, mas até agora ninguém aceitou ir para o local. 

O porteiro Alexandre Manoel, de 35 anos, foi um dos que deixou o condomínio pela manhã. "Acabei de arrumar um local para por a minha família", disse, sem dar detalhes. Segundo o morador, a saída, que teve início por volta das 5h, foi pacífica. "Não posso falar nada da polícia, só ficaram fazendo o trabalho deles e não houve agressividade". Ele afirmou que nenhum dos moradores pretende ir para o abrigo. "Ninguém vai para lá não. Estão procurando parentes, se virando como podem".

O aposentado Damião José de Lima diz que não vai deixar a residência para morar em um ginásio Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO

Na mesma decisão judicial que exige a saída dos moradores, o juiz Luiz Felipe Ferrari Bedendi, da 4.ª Vara de Fazenda Pública, determinou que a Prefeitura pague mensalmente R$ 1.100 às famílias com apartamento de um dormitório e R$ 1.200 às que têm imóvel de dois quartos. O cálculo do magistrado foi feito com base em um levantamento de preços de aluguéis na região. A administração municipal, no entanto, vai recorrer da decisão para destinar aos moradores o mesmo valor pago a outras famílias assistidas pelo auxílio-aluguel: R$ 400.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.