29 de novembro de 2010 | 00h00
No dia em que o Complexo do Alemão foi ocupado pela polícia, o clima entre os moradores era de apoio à operação, mas muitos reforçam a importância da manutenção dos policiais para impedir a volta dos traficantes.
O vendedor A.M., de 59 anos, que nasceu na Paraíba, veio morar no Morro da Grota em 1971 e, como ele mesmo define, "sobreviveu a 40 anos de favela". A. disse que não concorda com o clima de exaltação dos policiais. "Eles sempre foram piores que os traficantes quando subiam aqui."
Apesar disso, acha que dias melhores virão se a ocupação continuar. "Sempre pagamos impostos como todo mundo e, por isso, merecemos ter todos os serviços públicos como os outros cidadãos, inclusive a segurança. Só que a polícia estava 30 anos atrasada", afirmou o vendedor.
Outro morador, que não quis se identificar, também considera que a ocupação é positiva, mas precisa vir acompanhada de outras ações do governo. "As coisas aqui só vão melhorar quando trouxerem emprego, escolas, hospitais, esgoto... Agora não tem mais desculpa para não fazer nada", afirmou.
A ocupação também causou revolta a um grupo de cerca de 20 mulheres. Elas reclamavam da detenção de maridos, irmãos e filhos. Algemado em uma Kombi da PM estava o filho da gerente de loja Vânia Cristina da Silva Garcia, de 38 anos. Segundo ela, o rapaz seguia para a casa da avó, moradora da Grota, quando foi abordado por PMs. "Ele estava sem identidade."
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