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Morador do Alto de Pinheiros vive 25 anos mais que o de Cidade Tiradentes

Estudo expõe diferenças nas áreas de educação, cultura, saúde, moradia e segurança nas diversas regiões de São Paulo

Foto do author Adriana Ferraz
Por Adriana Ferraz e Juliana Diógenes
Atualização:
Desigualdade. Pinheiros apresenta melhor qualidade de vida Foto: GABRIELA BILO / ESTADAO

Quem mora no Alto de Pinheiros, bairro nobre da zona oeste da capital, vive cerca de 25 anos a mais que o morador de Cidade Tiradentes, no extremo leste. Na média, o primeiro chega a 79,67 anos, enquanto o segundo não passa de 53,85 anos. Essa diferença é causada por dificuldades enfrentadas pela população mais carente, que foram expostas nesta quarta-feira, 31, em estudo apresentado pela Rede Nossa São Paulo. O Mapa da Desigualdade de 2016 mostra grandes diferenças de acordo com o distrito da cidade em todas as áreas.

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Na Sé, por exemplo, as bibliotecas municipais dispõem de 7,92 livros para cada habitante com mais de 18 anos. No Jardim São Luís, essa taxa é de 0,001.

O "desigualtômetro" contém dados atualizados até 2015. As taxas foram calculadas a partir de informações econômicas e sociais fornecidas pela Prefeitura e demais órgãos oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir delas, a entidade listou os melhores e piores distritos da capital paulista sob o ponto de vista de saúde, educação, cultura, mobilidade, segurança e habitação. 

Com ele, é possível saber, por exemplo, que a Barra Funda, na zona oeste, tem 9,42 salas de cinema para cada grupo de 10 mil habitantes. Na contramão, essa relação é de apenas 0,039 no Sacomã, zona sul. 

Na habitação, o mapa coloca o distrito de Vila Andrade, na região do Morumbi, zona sul, como o que tem o maior porcentual de favelas, levando-se em conta o número total de domicílios – 49,10%. É lá que fica Paraisópolis, a segunda mais populosa de São Paulo. Situação inversa vive o bairro de Pinheiros, com 0,081 dos domicílios classificado como inadequado. 

Saúde. A divisão da quantidade de leitos hospitalares pelos distritos da cidade é a que melhor exemplifica as desigualdades na área da saúde. Na Vila Medeiros, zona norte, a divisão do número total de leitos privados ou públicos disponíveis para cada grupo de 1 mil habitantes da região resulta em uma taxa mínima, de 0,041, enquanto que o ideal seria uma taxa entre 2,5 e 3. Na Bela Vista, região central, a meta é superada com folga.

Quando o assunto é violência, a taxa de homicídios por distrito volta a colocar em confronto bairros nobres e áreas periféricas. Em Marsilac, extremo sul da cidade, o número de assassinatos por 10 mil habitantes é de 4,95. Em Moema, também na zona sul, o mesmo dado é de 0,114. Já o índice de homicídios de jovens (de 15 a 29 anos) do sexo masculino é de 10,44 por 10 mil habitantes dessa faixa etária no distrito do Campo Limpo. Na Vila Mariana, o indicador para esse tipo de crime é de 0,642.

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Na avaliação da entidade, o mapa funciona como uma espécie de radiografia da qualidade de vida nas diversas regiões da cidade. Em tempos eleitorais, serve para mostrar a realidade de São Paulo aos candidatos a prefeito e também para cobrar deles propostas de solução. 

A atriz Helen Rio Branco, de 32 anos, mora desde criança na Cidade Tiradentes e atribui a baixa expectativa de vida à “ausência de Estado”. “A expectativa de vida está ligada a um contexto social. Por ser periferia e ter uma comunidade composta por pessoas de origem pobre, a ausência do Estado é desde sempre. Então, automaticamente, há essa baixa expectativa de vida”, afirma.