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Monotrilho terá maior capacidade do mundo

Em teste, trem que transportará até 1 mil pessoas por vez deve ser entregue em 2012

Por Bruno Ribeiro
Atualização:

Se a parte mais visível da construção do monotrilho que vai ligar Vila Prudente a Cidade Tiradentes (prolongamento da Linha 2-Verde do Metrô), na zona leste, são as vigas sendo erguidas na Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Melo, a parte mais complexa do projeto está sendo construída a milhares de quilômetros dali, em Kingston, no Canadá, e será montada em Hortolândia, interior do Estado, no começo do ano que vem: os trens que o paulistano vai usar ali.Projetado para transportar até 1 mil pessoas por vez - distribuídas em sete vagões sem divisórias, sem maquinista e com ar condicionado - o primeiro trem do monotrilho está, atualmente, percorrendo uma espécie de pista de testes que a fabricante do modelo, a Bombardier, mantém em sua cidade natal.Segundo o diretor de comunicação e relações institucionais da empresa, Luis Ramos, após todos os testes é que começa a montagem no Brasil. A previsão da Bombardier é que o primeiro trem esteja em funcionamento, em São Paulo, em junho do ano que vem. O cronograma da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos é que a linha, com 26 paradas, só esteja em funcionamento integral em 2015.O monotrilho é um tipo de transporte visto com ressalvas por especialistas. Entre as principais críticas, está o fato de que, em nenhum lugar do mundo, há um modelo parecido com o que será montado em São Paulo: a expectativa do governo é que o monotrilho paulistano transporte até 40 mil pessoas por hora, número tido como além da capacidade desse tipo de veículo.Ramos rebate as críticas. "Esse modelo sai de um desenvolvimento para preencher o vácuo existente entre os modais para mais de 20 mil passageiros por hora (como um corredor de ônibus) e abaixo dos 50 mil por hora (como o Metrô)", afirma. "Essa zona estava sendo ocupada por modais que não estavam adequados para ela", completa. "Ele está desenhado para comportar até 48 mil pessoas".O diretor afirma que o passageiro não vai notar muita diferença entre um vagão do monotrilho e um do metrô. "É quase como um metrô n0rmal. A diferença é que o passageiro pode viajar vendo a paisagem", promete.A construção do monotrilho está sendo feita por um consórcio que inclui, além da Bombardier, as construtoras OAS e Queiroz Galvão. É uma obra de R$ 2,4 bilhões. Após o fim da construção, o Metrô sinalizou a opção de entregar a operação à iniciativa privada, por meio de PPP (Parceria Público-Privada). A previsão é que 500 mil pessoas usem o sistema diariamente. A primeira parada, até a Estação Oratório, deve ficar pronta em 2012.A reportagem ouviu especialistas em transporte para falar das expectativas sobre o novo modal e a maioria se mostrou cética e prefere esperar a linha começar a operar. "Como não existe um modelo (de monotrilho) com tanta capacidade no mundo, é melhor esperarmos. Pode ser uma surpresa agradável ou desagradável. Você não sabe como o usuário vai reagir", diz o mestre em engenharia Jaime Waisman.LÁ TEM...

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Modelo menor é usado na Índia

Cidades populosas de países em desenvolvimento, como Mumbai, na Índia, também estão construindo sistemas de monotrilho para melhorar a mobilidade urbana. Uma das justificativas dos gestores para a escolha desse modelo é o custo, mais baixo do que construir um metrô, por exemplo. Em Chicago e Las Vegas, cidades dos Estados Unidos, modelos de escala reduzida e menor capacidade de passageiros são usados desde a metade da última década. Nesta semana, réplica em tamanho real do monotrilho será exposto ao público no Expo Center Norte.

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